20 de fevereiro de 2017 | 11h09
SÃO PAULO - O youtuber Felipe Neto disse que foi procurado e rejeitou fazer a campanha publicitária, encomendada pelo Ministério da Educação (MEC), para "falar bem" da reforma do Ensino Médio. O governo federal pagou R$ 295 mil para seis youtubers fazerem vídeos explicando e homenageando a proposta que altera o ensino nessa etapa - os vídeos não identificavam que o conteúdo havia sido patrocinado pelo MEC.
Em sua conta no Twitter, Felipe Neto disse que não faz campanha publicitária em que precisa "fingir que é 100% espontânea". Ele disse já cometido erros com publicidade no passado, ao fazer de maneira "velada". "Eu prefiro que meu público saiba que está vendo uma publicidade", disse.
A explicação de Felipe Neto foi publicada nas redes sociais sexta-feira, 17, quando o MEC revelou o valor pago aos youtubers.
Em nota, o MEC informou que Felipe Neto foi sondado pela agêndia Digital Stars, que trabalha com youtubers e que centralizou todos os contratos. Ainda segundo o ministério, o contrato faz parte de uma licitação assinada em setembro de 2013 com a Agência Escala Comunicação e Marketing, que contratou outros fonecedores.
A pasta disse não dispor de contratos entre a agência de publicidade e seus fornecedores.
Os youtubers que fizeram os vídeos elogiando a reforma do ensino médio foram muito criticados nas redes sociais por não terem informado ao público que foram pagos pelo MEC. Nos vídeos, há apenas uma notificação do próprio YouTube nos primeiros 5 segundos, com o aviso de "contém promoção paga" e a hashtag #publi na descrição. No entanto, não há nenhuma informação de que o conteúdo foi patrocinado pelo MEC.
1) Sim, eu fui um dos canais procurados q rejeitou receber dinheiro pra falar bem da reforma do Ensino Médio. E eu explico o motivo. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
2) Eu já errei com publicidade no passado, já fiz de maneira velada, tentando fingir q não era pago, eu tava aprendendo e cometi erros. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
3) Hoje, não faço mais campanha q precisa fingir q é 100% espontânea. Eu prefiro q meu público saiba q tá vendo uma publicidade. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
4) Eu acho q todos os youtubers precisam começar a agir dessa forma, por respeito ao público e para seguir as normas da publicidade. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
5) Mas no fim eu tb recusei por outro motivo: a reforma do Ensino Médio é uma bosta. A Educação no Brasil está errada do início ao fim. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
Que fique claro q não estou criticando os canais q fizeram a campanha da reforma do Ensino Médio. Somos todos novatos nesse mundo. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
A única reflexão q proponho é essa: youtubers, vamos pensar antes de aceitar grana pra fingir q não recebemos pra falar sobre algo. — Felipe Neto (@felipeneto) 17 de fevereiro de 2017
Em nota, o MEC informou que pagou os "influenciadores digitais" porque eles estão incluídos nas mídias digitais e complementam a estratégia de comunicação institucional para divulgação e esclarecimento sobre a reforma. "No caso do ensino médio, o público alvo da campanha de divulgação e esclarecimento é jovem. Pesquisas apontam que 92% de jovens de 15 a 25 anos, de todas as classes sociais, utilizam este tipo de mídia para se informar."
Apesar das críticas, o ministério informou que vai "manter sua estratégia de comunicação" com todas as mídias. "Obedecendo a preceitos legais e de efetividade na comunicação tais como jornais, rádios, televisão, portais de notícias, blogs e mídias digitais.
A pasta informou que apenas orientou aos youtubers o uso das hashtags #publi. "O MEC estranha a polêmica em torno da campanha com influenciadores, uma vez que as mídias digitais são uma realidade. É uma mídia legal, barata e eficiente para atingir o público-estratégico do Ensino Médio, que são os jovens", diz a nota.
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