PUBLICIDADE

Vítima de trote violento em Leme desiste da faculdade

Por meio de nota oficial, a Anhanguera Educacional informou que é totalmente contra o trote violento

Por Tatiana Favaro e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O estudante Bruno César Ferreira, de 21 anos, vítima de agressão na segunda-feira, 9, durante trote do curso de medicina veterinária da Anhanguera Educacional, em Leme, disse nesta terça-feira, 10, que a única certeza que tem em relação ao seu futuro, como estudante, é de que não volta para a universidade na qual sofreu maus tratos. Conte a sua história de trote  Você aprova os trotes de veteranos em calouros?Você tem imagens de trote? Envie ao Foto Repórter "Para lá (faculdade Anhanguera, em Leme) eu não volto. Eles estão educando vândalos, não futuros profissionais", afirmou. "Tenho medo de ser reprimido", disse. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial da cidade, a 189 quilômetros de São Paulo. A polícia já tem suspeitos, mas ainda vai ouvir a vítima e testemunhas. Ferreira foi ferido com um chicote, recebeu chutes no abdome e na cabeça e foi internado na Santa Casa do município ontem, em coma alcoólico. "Cheguei às 7 horas, entrei e lá pelas 8 horas fui ver os valores das mensalidades na secretaria. Quando saí, um veterano me pediu pra tirar camiseta, boné, meus pertences", conta. "Achei que ia raspar minha cabeça e me pintar, até aí tudo bem. Mas foi bem mais que isso, porque fizeram a gente (calouros) entrar em uma lona na qual tinha excremento de animais e aves em decomposição. Pensei: se isso representa a medicina veterinária, perdi a vontade." Ferreira mora com a família em Iracemápolis, cidade vizinha, há seis anos e trabalha em Limeira, como vendedor em uma loja de defensivos agrícolas. "Consegui ajuda da prefeitura da minha cidade e auxílio do meu chefe, que me liberou pra estudar de manhã e trabalhar à tarde. Só prestei vestibular em Leme, que era mais perto e daria pra eu trabalhar e pagar a faculdade", disse. O valor da mensalidade seria de R$ 859,00 e Ferreira pagaria parte com seu salário. "Agora não sei o que fazer, a única certeza que tenho é a de que para lá eu não volto mais." O estudante contou que veteranos o fizeram beber pinga na universidade e em um bar próximo ao campus. Ferreira também foi amarrado a um poste e agredido com pontapés. "Depois, sentei em uma cadeira e um veterano chutou. Me contaram que caí, bati a cabeça, fiquei desacordado. Foi quando me levaram para uma república para tentar me reanimar. Como não conseguiram, me largaram na rua, como indigente", disse. "Se fazem isso com um ser humano, imagina o que esses futuros médicos veterinários farão com um animal." Bruno foi levado ao hospital pela mãe de uma aluna que o encontrou na rua. Foi liberado na tarde desta segunda-feira. "Hoje, não aguento de dor no abdome", disse. Por meio de nota oficial, a Anhanguera Educacional informou que é totalmente contra o trote violento e que desenvolve campanhas de trote solidário. Sobre o incidente ocorrido dentro do campus a instituição informou que colocou um médico à disposição do aluno agredido, abriu uma sindicância para apurar responsabilidades pela agressão e irá tomar medidas cabíveis. Em Campinas, a polícia também investiga a denúncia de um morador de rua de 42 anos que disse ter sido agredido na última quarta-feira, 4, por um grupo de estudantes de direito da universidade Mackenzie. O morador disse que foi jogado no chão, teve a cabeça e sobrancelhas raspadas e apanhou. Um jovem de 23 anos assinou um termo circunstanciado por lesão corporal e foi liberado. O campus do Mackenzie, em Campinas, informou por meio de nota oficial que lamenta o ocorrido, que instaurou sindicância disciplinar para apurar os fatos e responsáveis. A universidade informou, ainda, que por força de lei a instituição não pode se responsabilizar por ações de estudantes fora do espaço geográfico de seus campi. Segundo informou a assessoria de imprensa do Mackenzie, o aluno apontado como autor das agressões não está matriculado regularmente. Outro aluno foi suspenso por oito dias.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.