USP transfere Agência de Inovação para a Avenida Brasil

Em março, ocupação de imóveis fora do câmpus já havia motivado greve de funcionários

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Por Carolina Stanisci
Atualização:

A Universidade de São Paulo abriu uma "filial" no Jardim América, zona oeste. A reitoria transferiu em julho para um casarão na Avenida Brasil a Agência USP de Inovação, que faz a interface com empresas. A universidade alega que a mudança foi necessária porque a agência ficava no prédio da antiga reitoria, na Cidade Universitária, que está sendo reformado. Em março, o anúncio da compra de imóveis pela USP no Centro Empresarial, zona sul, provocou protestos de funcionários do câmpus.

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De acordo com a USP, a transferência da agência para um endereço nobre não teve custo extra. Segundo nota divulgada pela Assessoria de Imprensa da reitoria, o imóvel "não tem custo, porque foi alugado pelo inquilino que a USP tem em um imóvel na Avenida Paulista onde inicialmente está prevista a ida da Agência USP de Inovação". A nota não informa quem é o inquilino. 

O casarão, de dois pavimentos, tem cerca de 700 metros quadrados e era ocupado pela Olympia Cruzeiros, agência conhecida por organizar cruzeiros temáticos sertanejos. Procurada, a Olympia não se manifestou.

Coordenador da agência, Vanderlei Salvador Bagnato diz que ficou sabendo logo que tomou posse, há quatro meses, que a sede seria transferida. "Sabia que a gente iria se mudar, que a agência seria um escritório da universidade", diz. A casa, segundo ele, foi adaptada e a transferência ocorreu em meados de julho .“A mudança é definitiva, acho que sim."

No site da Agência de Inovação já consta como novo endereço com o casarão da Avenida Brasil. Bagnato afirma, porém, que a mudança só será oficializada entre setembro e outubro.

Um dos motivos alegados pela reitoria para a transferência é a proximidade do centro financeiro da cidade, para que a Agência USP possa receber empresários interessados em eventuais parcerias. De acordo com o coordenador da agência, a ideia é mostrar "que (a universidade) está comprometida com a sociedade". "A gente não pode fazer o que quer fazer de uma casinha de fundo de quintal. Nós temos que ter infraestrutura compatível com aquilo que a universidade está se propondo fazer."

 

Falta transparência. Para o vice-presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), Cesar Augusto Minto, falta transparência nas ações da USP. "Não quero julgar, pois não conheço o caso. Mas uma coisa dá para afirmar claramente: não tem nenhuma transparência nas coisas da universidade", afirmou. “A instituição pública tem que ter comportamento exemplar. Os órgãos colegiados precisam ser ouvidos.” De acordo com a reitoria da USP, as "transferências não precisam passar por órgãos colegiados e os funcionários envolvidos foram devidamente comunicados".

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Em abril, o anúncio da transferência de funcionários e unidades para o Centro Empresarial provocou polêmica. A USP afirmou que gastaria cerca de R$ 30 milhões na compra de imóveis para alojar servidores transferidos do câmpus do Butantã para escritórios no Centro Empresarial, em Santo Amaro, e outros endereços. Na época, a universidade também teria comprado um imóvel de uma agência de turismo na região da Paulista, por mais de R$ 3 milhões.

As compras foram endossadas por parecer de membro da Comissão de Orçamento e Patrimônio da universidade, Michel Micha­elovitch de Mahiques.

Os funcionários fizeram greve, para protestar contra a transferência complusória. A reitoria voltou atrás, decidindo que apenas servidores que quisessem poderiam ser transferidos. Após receber representação do deputado Carlos Giannazi (PSOL), o Ministério Público Estadual investiga o caso.

 

Atualizada às 19h55

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