SÃO PAULO - No retorno às aulas na segunda-feira, os alunos da USP Leste vão se deparar com mudanças no câmpus, após a desinterdição do terreno. A primeira é o barulho das máquinas que extraem o gás metano do subsolo. Mas quem terá mais surpresas serão os alunos de bacharelado em Educação Física e Saúde, que farão aulas práticas improvisadas em diferentes locais.
As aulas de educação física serão ministradas em cinco diferentes lugares. Haverá atividades práticas nos vãos dos prédios do ciclo básico e dos laboratórios. Nesta sexta, funcionários da área de limpeza da USP Leste já lavavam os colchonetes, tatames e aparelhos de ginástica e os colocavam nesses vãos.
Haverá ainda aulas práticas em uma sala do prédio I1, onde fica o restaurante central, no laboratório de Ciências da Atividade Física e até no heliponto da USP Leste, que deverá abrigar temporariamente as quadras poliesportivas. Essas atividades aconteciam anteriormente no Centro de Estudos e Práticas de Atividade Física (Cepaf). Nesse local ocorriam atividades de extensão para a comunidade. Entretanto, o espaço foi interditado há mais de um ano por problemas de infiltração e de construção irregular, que levaram ao comprometimento estrutural, sobretudo do teto.
Depois da interdição foi montada uma tenda provisória para as atividades esportivas entre o prédio do ciclo básico e o do restaurante central. Mas a estrutura foi construída exatamente em uma das áreas em que a terra contaminada - de origem desconhecida - foi descartada.
Essa terra contaminada e a presença de gás metano que levaram à interdição do câmpus, localizado à beira da Rodovia Ayrton Senna, na zona leste da capital. Ele ficou seis meses interditado por decisão judicial, desde janeiro deste ano. A Justiça só autorizou no mês passado a reabertura da unidade.
Mas, durante a interdição, a tenda usada para as práticas esportivas foi desmontada. Atualmente, no local, estão tapumes metálicos que isolam as áreas com as terras contaminadas. Além do cercamento, o terreno recebeu grama.
A estudante Grace Kelly Lobo, de 22 anos, que está no último semestre do curso de Educação Física e Saúde, afirma que “não há estrutura para fazer atividade física”. “Estamos sem tenda e ginásio. As aulas práticas são um caos”, comenta. “Eu espero que tudo melhore, porque cada dia é uma surpresa.”
A universidade planeja agora construir uma tenda para essas atividades, mas não confirmou em que local do câmpus ela será instalada nem os prazos para conclusão.
Barulho. Para extrair o gás metano do subsolo da USP Leste, a universidade alugou 23 bombas de extração provisórias e as instalou em todos os prédios do câmpus. Podem ser vistos canos e tubos que compõem esse sistema em salas de aula, salas administrativas, nos banheiros e até mesmo perto das mesas da lanchonete.
O barulho das máquinas de extração pode ser ouvido em todo o câmpus, principalmente nas áreas externas. No entanto, as salas de aula que ficam no térreo e próximas das máquinas de extração podem ter a acústica comprometida.
Em ofício do dia 17 de julho, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) recomendou à universidade a implementação de “medidas de redução de ruído nos sistemas de exaustão instalados, de modo que não causem incômodos à população do câmpus”. O prazo estipulado pela Cetesb para essa medida acabaria neste sábado, 16.
No dia 31, o Superintendente do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (USP), Osvaldo Shigueru Nakao, respondeu o ofício afirmando que a licitação de sistemas de ventilação definitivos, incluindo abrigos para isolar e proteger as máquinas, estava em preparação e deveria ser feita nos dias seguintes.
Nesta sexta, a assessoria de imprensa da universidade informou apenas que “as licitações estão prejudicadas por causa do fechamento do prédio da administração central pelos piquetes dos grevistas”.