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USP inicia eleição para escolher o novo reitor

Alunos e funcionários, com representatividade baixa, propõem boicote no 1.º turno e protesto em novembro

Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo e Alexandre Gonçalves
Atualização:

Só um em cada três professores da Universidade de São Paulo (USP) dará seu voto nesta terça-feira para eleger o novo reitor da instituição. A representatividade é ainda mais baixa entre alunos (1 em cada 483 estudantes) e funcionários (1 em cada 220). O primeiro turno das eleições começa às 9 horas e terá cerca de 1.925 eleitores. Eles votarão nas unidades de todo o Estado para formar uma lista com oito nomes. A apuração será feita na reitoria a partir das 20 horas e deve terminar no fim da noite. Qualquer um dos cerca de mil professores titulares pode receber votos, mas oito deles estão em campanha.

 

. Assista à íntegra do debate entre os candidatos na TV Estadão

 

No dia 10 de novembro, um colégio eleitoral ainda menor escolhe a lista tríplice, que será enviada ao governador José Serra (PSDB). Tradicionalmente é escolhido o mais votado. O 25º reitor da USP será empossado no fim de novembro, quando termina o mandato de Suely Vilela.

 

Este ano, no entanto, pode ser o último em que a universidade elege seu gestor com um processo considerado por muitos como ultrapassado e pouco democrático. Os oito candidatos ao cargo prometeram mudanças para as eleições que escolherão seu sucessor, em 2013.

 

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Na escolha do reitor das duas outras universidades estaduais paulistas, Unicamp e Unesp, todos têm direito a voto. O peso dos votos de professores, porém, é três quintos do total, enquanto de alunos e funcionários, um quinto cada um.

 

"Certamente isso está na origem da crise que a universidade vive neste momento. Nossos melhores professores, melhores técnicos administrativos, maiores cientistas e melhores alunos não têm acesso à participação", diz o diretor do Instituto de Física de São Carlos, Glaucius Oliva, um dos candidatos. Nenhum dos oito defende diretamente as eleições paritárias, ou seja, que os votos de todos tenham o mesmo peso.

 

Para Sylvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, isso seria "um sonho de verão". "É uma ilusão dizer que esse conselho velho, anacrônico, não tem de mandar mais nada. Se fizer isso, no dia seguinte o governo diz: ‘Não pago mais nada’", afirma o candidato.

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O responsável pela Comunicação Social, Wanderley Messias, defende que a USP siga o modelo da Unicamp e da Unesp. Outros candidatos, como João Grandino Rodas, Armando Corbani e Ruy Altafim, se comprometem a debater o assunto, mas não têm proposta definida. Francisco Miraglia quer o fim das listas tríplices. "Os alunos precisam se sentir representados também. Eles são a razão de ser da universidade, a formação é para eles", diz a pedagoga Sonia Penin, única mulher na disputa.

 

Do total de eleitores, hoje 165 são alunos (98 de graduação e 67 de pós), 69 são funcionários e cerca de 1.650 professores. Eles foram eleitos ou indicados em suas unidades para fazer parte de órgãos deliberativos da instituição, como comissões e congregações.

 

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) propôs aos funcionários com direito à voto o boicote à eleição. Aníbal Cavali, diretor da entidade, afirma que é muito difícil prever qual será a adesão, pois alguns servidores são mais próximos da administração da universidade e outros, do sindicato.

 

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) também aconselhou aos alunos eleitores o boicote. O DCE pretende organizar um abaixo-assinado e realizar manifestações hoje em várias unidades da USP. As duas entidades querem articular uma grande manifestação no segundo turno, em novembro.

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