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USP cria pró-reitoria de inclusão, direitos humanos e diversidade

Novo órgão buscará aumentar equidade dentro da universidade, principalmente no corpo docente

Por Italo Cosme
Atualização:

O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou nesta terça-feira, 3, a criação da Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP). Na prática, o novo órgão acumulará funções da Superintendência de Assistência Social e o Escritório USP Mulheres, além de acolher demandas mais históricas como políticas de reparação, memória e justiça, buscando diversidade e equidade. 

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O novo órgão atuará a partir de cinco eixos: Vida no campus; Saúde mental e bem-estar social; Mulheres, relações étnico-raciais e diversidade; Formação e vida profissional; Direitos Humanos e políticas de reparação, memória e justiça. O novo braço da mais importante universidade da América do Sul foi aprovado com 102 votos a favor, duas abstenções e nenhum voto contra.

Durante a reunião do conselho, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior destacou que as pró-reitorias são órgãos criados a partir da década de 1980. E que as únicas obrigatórias são a Pró-reitoria de Graduação e a de Pós-Graduação. Mas, ao longo dos anos, o contexto social implicou em mudanças na universidade. 

USP é a mais importante Universidade da América do Sul Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO (30/05/2014)

“Considerando a mudança social,  da universidade, uma relação maior que precisamos ter com a sociedade, é que estamos propondo a criação da pró-reitoria”, justificou Carlotti Junior. E acrescentou: "Precisamos coordenar essas ações de forma mais eficiente e apoiar de forma mais incisiva. Chegamos até aqui, mas precisamos caminhar mais longe, com maior inserção das atividades no cotidiano da universidade. Não podemos tratar a universidade descolada da sociedade que estamos vivendo". 

Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Ana Lanna será a pró-reitora do novo órgão. A docente ressalta que a Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento foi uma das bandeiras encampadas durante a campanha de Carlotti Junior e une muitos serviços à comunidade acadêmica quje estavam espalhados, mas agora estão centralizados em um único órgão para professores, alunos e servidores. Um dos desafios a serem enfrentados, afirma Lanna, é diversificar o perfil do corpo docente da USP. 

“Conversamos muito com a comunidade acadêmica para desenhar um projeto acolhedor, participativo e que as pessoas se reconhecessem nele. Apenas uma pequena estrutura estará na Reitoria da USP, mas teremos representantes em todas as estruturas da universidade acolhendo e nos repassando as demandas”, disse. Miriam Debieux Rosa, professora do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP), será pró-reitora adjunta. 

De acordo com a pró-reitora, cada unidade da USP criará uma comissão para garantir a capilaridade da Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento. “A ideia é mobilizar e se organizar para potencializar e melhorar os programas que já fazemos há bastante tempo." A pró-reitoria ainda não tem orçamento próprio. O valor ficará definido a partir do segundo semestre, quando haverá o planejamento para o ano seguinte.

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Eixos da Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento

Vida no campus - Valorizar a convivência e atividades de integração na Universidade; - Oferecer assistência aos estudantes em situação de vulnerabilidade; - Promover ações afirmativas para discentes, servidores técnicos e administrativos e docentes; - Incentivar ações de memória relacionadas ao Crusp, às creches e aos restaurantes universitários.

Saúde mental e bem-estar social

- Valorizar a convivência, o bem-estar social e a saúde mental na universidade; - Localizar os espaços de conflito e problematizar as estruturas produtoras de sofrimento; - Promover a saúde mental; - Fortalecimento dos laços sociais e do sentido de pertencimento; - Criar espaços para acolhimento do sofrimento; - Propiciar o diálogo e orientação para comunidade USP; - Estimular a interação e o desenvolvimento e pesquisas nos hospitais universitários e unidades de saúde e psicologia.

Mulheres, relações étnico-raciais e diversidades

- Propor e gerenciar políticas relativas à diversidade, à inclusão, antirracismo e à anti-xenofobia na USP; - Favorecer a presença e experiência de estrangeiros ou migrantes; - Atuar no enfrentamento das violências baseadas em gênero e orientação sexual; - Promover o respeito à igualdade de condições para toda a população universitária; - Implementar ações de melhoria das condições de acessibilidade nas instalações universitárias.

Formação e vida profissional

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- Propor ações para estimular a atratividade de novos talentos, observando a promoção da diversidade; - Análise continuada de indicadores de qualidade e satisfação das carreiras docente e técnico-administrativo e da formação estudantil; - Promover discussões sobre a legislação das carreiras na USP e suas especialidades; - Elaborar medidas para promoção da diversidade étnico-racial do corpo docente e de servidores técnico administrativos; - Propor ações que visem estimular o pertencimento; - Qualificar e integrar as diversas modalidades de apoio estudantil.

Direitos Humanos e políticas de reparação, memória e justiça

- Realizar programas e ações de afirmação dos direitos humanos; - Reconhecer silenciamentos e violações de direitos ocorridos na história da universidade; - Fomentar a interpretação dos espaços da universidade como lugares de memória; - Dialogar e viabilizar a consecução dos objetivos da Comissão de Direitos Humanos.

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