PUBLICIDADE

USP cria grupo para estudar intolerância e preconceito

Um dos objetivos é produzir materiais que ajudem na educação de crianças e adolescentes

Por Agencia Estado
Atualização:

Professores da Universidade de São Paulo (USP) lançaram ontem um grupo de pesquisa permanente sobre todas as formas de preconceito, racismo ou discriminação presentes na sociedade brasileira. Os trabalhos serão centralizados no recém-criado Laboratório de Estudos da Intolerância, formado por historiadores, geógrafos, filósofos, sociólogos e lingüistas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Além da conscientização da população em geral contra essas práticas, um dos objetivos do projeto é criar materiais que ajudem na educação de crianças e adolescentes. "A intolerância tem causado danos desde os tempos bíblicos", diz a historiadora e presidente do novo laboratório da USP, Anita Waingort Novinsky. Idealizadora do projeto e pequisadora há 30 anos do período da Inquisição, ela doou seu arquivo sobre o tema, trazido de Portugal, ao projeto. Sua biblioteca de 20 mil volumes sobre todas as formas de intolerância também passará a fazer parte do laboratório. Como Anita, cada um dos professores contribuirá com suas próprias pesquisas e também com seus alunos de pós-graduação para desenvolver os projetos. Entre os trabalhos estão estudos sobre a chamada intolerância política, baseados no acervo do antigo Dops, desde a repressão na década de 30 até a extinção do instituto. Há também pesquisas sobre trabalho infantil no Vale do Jequitinhonha e estudos sobre a imposição da língua européia aos povos indígenas e negros. "Queremos produzir materiais de ensino sobre esses temas para alunos do ensino médio", diz a professora da FFLCH e diretora do laboratório, Zilda Iokoi. O grupo pretende ainda revisar livros didáticos, que, segundo ela, apresentam várias formas de preconceitos. Atualmente existem no mundo apenas outros dois grupos de estudos da intolerância: na Itália e na Espanha. Vários outros pesquisam os direitos humanos. "A nossa idéia é fazer uma revista internacional com todos esses grupos e trocar acervos de pesquisas", afirma Zilda. Na solenidade de inauguração do trabalho, na Cidade Universitária, estava presente o representante do Instituto da História da Intolerância de Madri, José Antonio Escudeiro. Um dos focos do grupo espanhol, criado em 1984, é o estudo da Inquisição na Europa. "Queremos estabelecer relações com o laboratório brasileiro para, no futuro, promover intercâmbio de professores." O laboratório funcionará no prédio da História e tem o apoio da Unesco, das pró-reitorias de Pesquisa e de Cultura e Extensão e da Coordenadoria do Espaço Físico da USP, fundo mantido pela reitoria da universidade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.