09 de dezembro de 2014 | 20h26
Atualizado às 21h11.
SÃO PAULO - O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP), órgão máximo da instituição, aprovou na tarde desta terça-feira, 9, a proposta de orçamento para 2015. Conforme o Estado revelou no último sábado, o déficit previsto para o ano que vem é de R$ 1,126 bilhão, maior do que o deste ano, em que o gasto além das receitas do Tesouro Estadual foi de quase R$ 1,1 bilhão.
Os conselheiros aprovaram a proposta formulada pela Comissão de Orçamento e Patrimônio na semana passada. A previsão de gastos ainda passará por duas revisões ao longo do próximo ano - em março e setembro.
Questionado sobre os riscos de aumentar o déficit no ano que vem, o reitor Marco Antonio Zago disse que medidas para frear despesas já foram tomadas, mas a USP precisa manter suas atividades. "Não há o que fazer. Eu não posso parar a universidade", afirmou ele, após a reunião do conselho.
Zago também afirmou que não está otimista com as perspectivas de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no próximo semestre. A parcela de 9,57% do tributo é a principal fonte de financiamento da USP. "Seria pouco prudente prever um aumento significativo de economia", apontou. Para honrar os compromissos, a universidade tem recorrido a reserva financeira. Hoje, a poupança é de R$ 1,7 bilhão. No ritmo atual de gastos, esse saldo deve zerar em 2017.
A principal aposta de Zago para frear as despesas é um plano de demissão voluntária (PDV), que prevê a aposentadoria antecipada de 1,7 mil funcionários. O objetivo é uma redução de até 6,5% na folha de pagamento - que hoje corresponde a 106% do que a USP recebe do Tesouro estadual. O PDV não se estende aos professores. A reitoria não informou quantos já aderiram ao programa, que tem inscrições abertas até 31 de dezembro.
No orçamento do ano que vem, a universidade manteve os gastos das faculdades e institutos de pesquisas praticamente nos mesmos patamares de 2014. No ano passado, porém, esses recursos já haviam sido cortados em quase 30%. De acordo com o reitor, essa medida não prejudicou o andamento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. "Não houve prejuízos", afirmou.
Uma das áreas com maior aporte de verbas é a de apoio à permanência estudantil, com bolsas, moradia ou auxílio-livro. O aumento é de 105% em relação a 2014, passando de R$ 33 milhões para R$ 67,6 milhões. O montante para projetos estratégicos de infraestrutura também cresceu- de R$ 20,8 milhões para R$ 62,5 milhões.
Desde fevereiro, a maioria das obras da USP foi congelada como medida anticrise. Só continuaram, diz a reitoria, projetos em que a paralisação seria mais negativa do que econômica. As obras estratégicas que podem ser retomadas em 2015 serão discutidas na próxima semana.
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