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USP alcança meta mínima de demissões

Dispensa de funcionários interessados no PDV até agora já corresponde à economia de mais de 3,25% da folha salarial 

Por Victor Vieira
Atualização:

O plano de demissão voluntária (PDV) da Universidade de São Paulo (USP), principal aposta da reitoria para driblar a crise financeira, já ultrapassou o nível mínimo de adesão para ser executado. A dispensa dos servidores interessados no PDV até agora já leva a uma redução de mais de 3,25% da folha de pagamento da USP, patamar necessário para por a medida em prática.

Em 2014, na média, a despesa com os salários da universidade foi de R$ 389 milhões por mês. A meta da reitoria é de aposentadoria antecipada de cerca de 1,7 mil funcionários. Contrário à medida, o sindicato teme “precarização” dos serviços. 

Cidade Universitária. Maioria das obras já foi congelada Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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O alcance da escala mínima de adesão foi confirmado ontem pela Diretoria de Recursos Humanos da USP. Segundo a resolução que criou o PDV, a execução do programa só era possível caso o patamar de economia de 3,25% na folha de pagamento fosse atingido. A reitoria espera chegar a até 6,5% de diminuição. 

Hoje, 106,1% das verbas recebidas pela USP do governo estadual estão comprometidos com salários. Como opção para honrar compromissos, a reitoria usa reservas financeiras.

A administração ainda não informa, porém, o total de servidores que já se cadastraram no programa nem de quais faculdades ou institutos de pesquisa são os interessados. As inscrições, iniciadas em 17 de novembro, vão até dia 31. O balanço final será divulgado apenas na primeira quinzena de janeiro. 

O PDV, que não se estende aos docentes, é direcionado a funcionários que têm entre 55 e 67 anos, com mais de 20 anos de carreira na universidade. A adesão é estimulada com benefícios financeiros. A expectativa é gastar R$ 400 milhões com o plano e as rescisões serão entre fevereiro e abril. 

Caso haja interesse maior do que o previsto na demissão voluntária, é possível que a reitoria destine mais de R$ 400 milhões ao PDV. Um eventual aporte maior de recursos dependerá de análise técnica e aval do Conselho Universitário. 

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Polêmica. O PDV encontrou forte oposição de entidades estudantis e sindicais da universidade. Magno de Carvalho, do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), não vê benefícios aos servidores. “Estão iludidos com a possibilidade de ganhar um bom dinheiro de uma só vez. Outros PDVs, no setor público e privado, não deram certo para quem participou”, diz. Ele ainda acredita em “precarização” e sobrecarga dos funcionários que continuarem. “Já temos setores estrangulados, como os restaurantes, os hospitais e a segurança”, critica. 

O reitor Marco Antonio Zago defende a medida. “Não temos dinheiro para pagar (os servidores). Só tem um jeito: deixar que uma parte vá embora”, argumentou, na terça-feira, após reunião do Conselho Universitário. “A Universidade de São Paulo tem excesso de funcionários, comparada com equivalentes no mundo”, completou. A contratação de docentes e técnicos está suspensa desde fevereiro. 

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