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Universidades brasileiras já apostam no Metaverso para ensinar

Uma das primeiras salas de aula desse tipo foi lançada na última semana pela FIA Business School; e já há até pós na área

Foto do author João Ker
Por João Ker
Atualização:

A sala de aula "do futuro" pode estar mais próxima do que você imagina. Com o avanço da tecnologia de realidade aumentada e o empurrãozinho que a pandemia deu para o ensino remoto, universidades e escolas no Brasil e ao redor do mundo começam a explorar o recurso do Metaverso. Vendido como a próxima "revolução" para a internet, o espaço de realidade virtual foi criado ainda na década de 1980 e, nele, é possível comprar terrenos, fazer reuniões, assistir a shows, jogos de futebol e aulas com um avatar que é controlado por você, aqui fora.

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Apesar de não ser exatamente uma novidade, o Metaverso voltou ao radar depois que Mark Zuckerberg, dono do Facebook, do WhatsApp e do Instagram, rebatizou a holding das empresas de Meta e disse que essa seria a sua próxima aposta. Essa mistura de universo Matrix com personagens do jogo eletrônico The Sims chega agora à educação brasileira. Uma das primeiras salas de aula desse tipo foi lançada na última semana pela FIA Business School, que passou a administrar cursos no Metaverso. A professora usa óculos de realidade virtual para ensinar, enquanto os alunos que ainda não tiverem o aparelho podem entrar para o espaço online por meio de videochamada.

"Para eles é uma experiência incrível. Não estamos falando de um mundo 'chapado', e sim de um universo diferente. O aluno pode participar de casa, deitado na cama, quando é transportado para a sala de aula. Ali, ele anda, fala, bate palma e interage com os colegas, enquanto escrevo na lousa, passo uma apresentação e tiro dúvidas", explica Alessandra Montini, diretora do núcleo Labdata da FIA, responsável pela criação do espaço. 

Professor tem de saber matéria e acompanhar expressão de avatares durante as aulas no Metaverso Foto: Divulgação / FIA

Ela conta que fez uma imersão de dez dias com os colegas para criar essa sala de aula virtual. Só para pegar o jeito do controle remoto foram de três a quatro horas. Apesar dos atrativos visuais e interativos, Alessandra aponta que esse é um dos principais desafios para os professores do Metaverso. "É uma maravilha para o aluno, porque ele senta e assiste. Para o professor, tem de saber a matéria de cor, acompanhar as expressões dos avatares para saber se o aluno está entendendo ou não, controlar os recursos tecnológicos disponíveis… Dar uma aula no metaverso é como uma maratona. Tem de parar uns 15 minutos e descansar depois", diz. 

NFT

Empresas e universidades de China, EUA, México e partes da Europa têm investido em treinamentos e cursos ministrados exclusivamente em realidade virtual. Entre as vantagens, destacam a possibilidade de receber alunos e funcionários do mundo todo.

No último mês, a USP também entrou no jogo e se tornou a primeira universidade pública brasileira no Metaverso, por um acordo de cooperação internacional com a Radio Caca (RACA), que cedeu o primeiro NFT (token não fungível) à instituição. O objetivo é fomentar pesquisas sobre aplicações e aspectos técnicos, econômicos e legais do universo de realidade virtual.

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Esse NFT significa que a USP ganhou um "pedaço de terra rara" no Metaverso próprio desenvolvido pela United States of Mars (USM), a "nação" online criada pela RACA. Na prática, a instituição brasileira pode usar essa "terra virtual" para construir espaços de interação. Mas, antes disso, é preciso encontrar a mão de obra qualificada para produzir os módulos e a verba necessária para bancá-la. "Por enquanto, nosso objetivo é atrair pessoas e ideias para construirmos um espaço e as coisas lá dentro", explica Marcos Simplício, professor associado de engenharia da computação na Escola Politécnica da USP.

PÓS

"É um mercado em expansão, e não só para quem vem da área de tecnologia", aponta Juliana Tenório, gerente de Soluções Educacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec). Ela conta que a busca por vagas nesse nicho tem crescido exponencialmente no mercado e no LinkedIn, por exemplo. Em parceria com a revista Exame, o Ibmec lançou este ano um curso de Master em Digital Manager e Metaverso, que dura um ano, custa pouco mais de R$ 18 mil, é completamente feito online e equivale a uma pós-graduação reconhecida pelo Ministério da Educação. Segundo Juliana, a carreira de "product manager" (gerente de produto) "está em alta" e "na crista da onda". "É um produto disruptivo."

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