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Universidade de Lisboa promove seminário sobre a educação no Brasil e em Portugal

Apesar da língua em comum, os dois países não exerceram entre si grande influência na concepção de modelos educacionais

Por Agência Brasil
Atualização:

Um grupo de 20 pessoas, entre professores e alunos de mestrado da área de educação da Universidade de Caxias do Sul (RS), participa até esta sexta-feira, 1.º de fevereiro, do seminário internacional Pensar a Educação e Perspectiva Comparada Portugal Brasil, promovido pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

 

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O seminário discute a educação de jovens e adultos; a formação de professores; a avaliação educacional; as mudanças curriculares; o uso de tecnologias de informação e comunicação; além da história comparada.

 

Apesar da língua em comum e da antiga relação de colônia e metrópole, Brasil e Portugal não exerceram entre si grande influência na concepção de modelos educacionais. De acordo com o historiador português especializado em educação Joaquim Pinto Silva, os dois países tiveram “pouca interlocução direta”, porém têm referências internacionais próximas entre pedagogos suíços, belgas, espanhóis e norte-americanos.

 

Segundo o historiador português da educação Justino Magalhães, o que ocorria na educação dos Estados Unidos e na do Brasil no início do século 20 chamava a atenção das elites portuguesas, que “ficaram inquietas com a dinâmica de adesão aos modelos de desenvolvimento e de cientificidade; ao positivismo filosófico”.

 

A situação da educação - nível de escolaridade e qualidade do ensino - em Portugal é superior à do Brasil, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa) de 2009, aplicado pela OCDE, mostra que os estudantes portugueses apresentam mais habilidades e competências do que os brasileiros em testes de leitura e interpretação, cálculo matemático e ciências.

 

No ranking do desempenho educacional e da situação econômica, o Brasil soma 412 pontos enquanto Portugal tem 489. A média da OCDE é de 493 pontos e os países mais bem colocados foram a China (Xangai), a Coreia do Sul e a Finlândia, que totalizaram mais de 536 pontos.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,3% da população brasileira com 25 anos de idade ou mais não haviam concluído o ensino fundamental em 2010. O porcentual da população portuguesa que não tinha qualquer nível de escolaridade completa em 2011 era de 8,6%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

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Magalhães pondera que apesar da diferença entre os dos países também “há arcaísmos do lado português”, quando comparado com outros países da Europa. Para ele, não é possível fazer comparações diretas sem “circunstanciá-las”.

 

“Os indicadores têm que ser trabalhados dentro de cada contexto de modernização. O Brasil tem grande diversidade cultural, uma impressionante espiral de riqueza e também uma difícil situação com a pobreza”, lembra.

 

A pesquisadora brasileira Nilda Stecanela, coordenadora da delegação da Universidade de Caxias do Sul na Universidade de Lisboa, assinala que há desafios em comum como o ensino em época de alta tecnologia acessível aos alunos. “As escolas de hoje foram criadas por una sociedade que já não existe mais.”

 

A viagem dos alunos e professores da Universidade de Caxias do Sul - que tem estatuto jurídico de universidade comunitária - a Portugal foi paga por eles próprios. “É um investimento. Podemos conhecer melhor o nosso País vendo-o de fora e trocando experiências com pesquisadores de outros lugares”, disse Nilda.

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