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Unesp realiza levantamento de sem-terra no Pontal

Segundo estimativas do MST e da Unesp existem no Pontal 500 mil hectares de áreas devolutas que podem ser desapropriadas para a reforma agrária

Por Agencia Estado
Atualização:

A Unesp tem uma semana para levantar o número de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Pontal do Paranapanema. O geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, coordenador do Núcleo de Estudos Agrícolas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente (SP), anunciou nesta terça-feira o início do levatamento, a ser realizado por um grupo de pesquisadores da universidade, como projeto de emergência. "O clima de tensão cresce muito depressa na região com a chegada de novos assentados e com a volta de José Rainha ao centro da liderança", afirmou Mançano. "É indispensável acompanhar o movimento da população nestes assentamentos para prever os rumos que o conflito pode tomar." Mançano, autor de vários e estudos sobre o MST, foi o primeiro pesquisador a advertir, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ? contrariando declarações de lideranças nacionais do movimento ? sobre a iminente explosão da tensão no Pontal. "De lá para cá, não houve uma única atitude concreta para mudar a situação. A questão da grilagem não foi resolvida, a reforma agrária está abandonada no Pontal e as famílias estão chegando em massa depois da nova convocação de Rainha", lembrou ele. Superacampamento Rainha, que se manteve afastado da liderança no Pontal no último ano, passou a comandar a implantação de um superacampamento previsto para 5 mil pessoas. "Rainha é liderança histórica no Pontal e a sua presença foi determinante para tudo o que aconteceu na região, desde 1992", lembra Mançano. Segundo estimativas do MST e da Unesp existem no Pontal 500 mil hectares de áreas devolutas que podem ser desapropriadas para a reforma agrária. O Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) informou que já estão em curso 45 ações discriminatórias, 11 delas no Tribunal de Justiça (TJ), envolvendo mais de 2,5 mil hectares de terras; e outras sete ações reivindicatórias, relativas a 7.662,17 hectares, seis das quais no T J. "É indispensável que o Governo do Estado e o Poder Judiciário proponham um mutirão para a conclusão destas ações, antes que o conflito se agrave no Pontal", propõe Mançano. Os dados da pesquisa sobre os assentados irão alimentar o DataLuta Banco de Dados da Luta Pela Terra, da Unesp.

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