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Unesp e Unicamp têm dificuldade de atrair alunos da rede pública em cursos concorridos

No vestibular, estudantes de escolas públicas ocupam mais vagas de cursos noturnos e licenciaturas

Por Barbara Ferreira Santos e Victor Vieira
Atualização:

Apesar das ações de bônus e reserva de vagas para alunos de escola pública, os cursos mais disputados da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) nos últimos vestibulares ainda atraem poucos candidatos que não são da rede particular. Medicina – uma das carreiras mais disputadas – tem as menores participações da rede pública neste ano: 21,16% na Unicamp e 23,3% na Unesp Botucatu. A média geral é superior: 27% na Unicamp e 39,9% na Unesp, a maior entre as estaduais.

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Nos cursos de Engenharia, a proporção de inscritos de escola pública na Unicamp segue a mesma tendência de Medicina: 17,76% em Engenharia de Produção (período integral) e 17,45% em Engenharia Química. Na Unesp, o porcentual é mais alto, mas fica aquém da média geral: 30,23% em Engenharia Química e 31,4% em Engenharia Mecânica em Bauru (integral).

Já em carreiras noturnas de licenciatura, como Pedagogia e Educação Física, a parcela oriunda da rede pública é muito superior à média. Na Unicamp, supera 50%. Na Unesp, a área campeã é a de Ciências Humanas: 65% dos alunos vêm da rede pública. Para o coordenador do vestibular da Unicamp, Edmundo Capelas, houve pouca divulgação do bônus, ampliado nesta edição. “Faltou irmos mais às escolas e apresentar detalhes do programa de inclusão.”

Marcos Antônio Rodrigues, de 19 anos, concorda que os alunos da rede pública ainda são pouco encorajados a enfrentar as provas. “É comum que empresas cheguem para falar de vagas em telemarketing, mas não as universidades”, diz o jovem de São Paulo, que quer vaga em Medicina na Unicamp. “As pessoas pensam que não podemos alçar voos maiores.” Para ele, que tenta pela segunda vez, o principal desafio é concorrer com alunos de melhor formação.

Vagas disputadas. Aluna de escola pública, Tainá Guedes, de 19 anos, conseguiu sua vaga no curso de Música da Unesp em 2012. A jovem, que fez aulas particulares de flauta transversal desde pequena, achou a prova específica difícil. Mesmo assim, diz que quem se esforça consegue. “É preciso ter vontade e aproveitar os professores para tirar dúvidas.”A Unesp reserva 15% das vagas a alunos da rede pública, com cotas para autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI). Na Unicamp, os candidatos de escola pública têm 60 pontos extras na nota final e mais 20 pontos se forem PPI.

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