Unesp completa 40 anos com meta de ser a maior do País

Instituição já é a segunda em número de graduações e de pós; com a crise, reitoria prevê buscar recursos além dos cofres públicos

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Por Paulo Saldaña e Victor Vieira
Atualização:
Unesp surgiu com a característica multicâmpus Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

SÃO PAULO - A Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Unesp) completa hoje 40 anos com a meta de tornar-se a maior do Brasil em 15 anos. Um desafio e tanto para uma instituição presente em 24 cidades, que vive a crise financeira que atinge as instituições de ensino superior paulistas. A receita para os próximos anos, segundo o reitor Julio Durigan, é investir na qualidade das pesquisas e na maior interação com empresas e poder público.

Ao integrar 14 faculdades isoladas no Estado, o então governador Paulo Egydio Martins instituiu, em 30 de janeiro de 1976, a terceira universidade estadual de São Paulo - naquele momento, a USP acumulava 42 anos e a Unicamp, 10. Assim, a Unesp surgiu com a característica multicâmpus, que tem como referência a Universidade do Estado da Califórnia. Na denominação, homenageou o ex-diretor de O Estado de S. Paulo Julio de Mesquita Filho, figura central na criação da USP, que havia morrido em 1969. Com 50 mil alunos, a Unesp é a única estadual paulista que adota cotas sociais e raciais.

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Segundo Durigan, na instituição desde a criação, “a Unesp fez em 40 anos o que muitas universidades do mundo não fizeram em 400”. “A Unesp tem vocação para ser a maior do País em 15 anos”, diz. “Já somos a segunda maior em número de graduações e de programas de Pós, todos bem avaliados (atrás apenas da USP). É uma universidade jovem, que cresce. A USP, por exemplo, está estabilizada”, completa. 

A expansão esperada, em tamanho e reputação, passa pela interação com empresas, parcerias em políticas públicas e melhor articulação dos programas de extensão, considerados pela direção um ponto forte. “Não esperamos mais do Estado em relação a orçamento. Só que melhore as condições da atividade econômica”, diz o reitor.

Luiz Ferreira Martins, primeiro reitor da Unesp, faz ressalvas à expansão. “À medida que se amplia, sem recursos suficientes, não há condições para manter o nível de qualidade”, diz. A Unesp foi alvo de críticas por ter acelerado o ritmo de expansão na década de 2000, sem garantir verbas extras do Estado. O governo paulista afirma que a estratégia de expansão foi correta e R$ 20 bilhões foram repassados para a Unesp desde 2003. 

Docente do Instituto de Química de Araraquara, José Arana Varela ressalta que a Unesp descentralizou a produção científica de excelência. “A universidade deve priorizar a pesquisa. Com uma boa pesquisa, temos um bom ensino. Esses elementos não estão dissociados”, afirma ele, também da Fapesp. 

Inclusão. A universidade terá até 2018 no mínimo 50% de seus alunos, em cada curso, vindos de escola pública, respeitando proporção de pretos, pardos e indígenas. As metas de inclusão são escalonadas a cada ano e, em 2016, ao menos 35% dos novos alunos serão cotistas. 

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Esse porcentual foi superado em 2015. Dos 7,2 mil aprovados, 2,8 mil (39%) eram de escola pública. “Estudei a vida toda em escola pública e consegui entrar pelas cotas. Dá para ver um perfil diferente de pessoas no câmpus”, diz Felipe Lintz, de 20 anos, aluno do 2.º ano de Geografia no câmpus de Rio Claro.