Internacionalizar ainda mais a produção científica, sem perder a vocação regional, é um dos caminhos apontados por especialistas para a Unesp nos próximos anos. Outros desafio é superar a burocracia, problema crônico das universidades públicas do País, potencializado na Unesp pela distribuição geográfica de suas unidades.
Para Jézio Gutierre, professor de Filosofia da Unesp de Marília, é importante manter o perfil multicâmpus nas atividades acadêmicas. “A interiorização não é internalização. Se fazemos pesquisa para atender às demandas da cidade, os resultados ultrapassam fronteiras.”
A pesquisa em Ciência Agrárias é um exemplo de diálogo com demandas locais e bom desempenho em rankings estrangeiros. “A universidade deve aproximar-se da realidade econômica e social do País”, diz Roberto Rodrigues, docente aposentado da Unesp Jaboticabal e ex-ministro da Agricultura.
A Unesp é responsável por 8% da pesquisa do Brasil e 22% da produção científica paulista. Das 24 cidades onde a instituição está inserida, 23 estão envolvidas em programas de pós-graduação – exceto o câmpus de Rosana, criado em 2003.
A distribuição geográfica torna a gestão e integração mais complexas. A receita para driblar o problema é a comunicação eletrônica. Estudo feito na Unesp ainda mostra que a presença da universidade alavanca as economias locais. De acordo com os dados mais recentes, de 2013, a Unesp movimentou R$ 1,9 bilhão nas 22 cidades onde estava instalada, entre gastos da própria instituição e de professores, funcionários e alunos.
Segundo especialistas, é a verba da universidade que precisa de reforço – diversificar as fontes, com mais parcerias com empresas e doações privadas. A Unesp recebe cota fixa de 2,34% da arrecadação estadual do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a menor parcela entre as estaduais. Terminou 2015 com 98,3% dessa receita comprometida com salários de docentes e técnicos.
Ousadia. George Matsas, pesquisador do Instituto de Física Teórica (IFT), na capital, defende elevar as ambições científicas da Unesp. “Não basta se encaixar em uma pesquisa internacional. É preciso ter o objetivo de se tornar formadora de opinião na ciência de ponta”, diz. O IFT tem parcerias com centros de excelência fora do País, como o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern).