UFRJ perde espaço cultural para bingo

Nesses dois meses, a universidade já tinha preparado uma exposição de gravuras de Candido Portinari para inaugurar o novo centro cultural. Os quadros já tinham até sido pendurados na parede

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) terá que desistir, pelo menos temporariamente, do projeto de instalação de um centro cultural em um de seus terrenos mais nobres localizados em Botafogo, na zona sul do Rio. Na última sexta-feira, a Justiça autorizou a empresa privada Amauta Administração e Serviços a reinstalar o Bingo Botafogo no local, ao lado do shopping center Rio Sul e da casa de shows Canecão. A decisão anulou outra, de janeiro passado, segundo a qual a UFRJ conseguia reintegrar o terreno ao seu patrimônio. Nesses dois meses, a universidade já tinha preparado uma exposição de gravuras de Candido Portinari para inaugurar o novo centro cultural. Os quadros já tinham até sido pendurados na parede. Além da galeria de exposições, a universidade pretendia usar o espaço para construir um cinema, um teatro, um auditório com 200 lugares, uma sala de música, além da sede da editora oficial da UFRJ - que também já tinha sido transferida parcialmente para o prédio do bingo. "Isso foi uma perda enorme não só para nós, mas para o Rio. Esse seria um espaço cultural para toda a cidade, em um local privilegiado que é o centro da zona sul", lamenta o reitor interino Sergio Fracalanzza. A batalha judicial pelo terreno é antiga. Há pelo menos 25 anos a universidade tentava reintegrar o terreno, que estava em posse da Associação dos Servidores Civis do Brasil. Em 2001, essa associação cedeu o espaço para o bingo. Em janeiro passado, o juiz Vanderlei Monteiro, do Tribunal Regional Federal - 2ª Região, decidiu que a universidade deveria retomar o terreno. O bingo recorreu, alegando que a disputa era entre a UFRJ e a associação e que ele foi prejudicado. O mesmo juiz decidiu voltar atrás. A Advocacia Geral da União, que representa a universidade, entende que o bingo já estava ocupando o terreno ilegalmente e a decisão deveria valer também para ele. A AGU pretende recorrer da decisão. "Não posso acreditar que a Justiça vai preferir um jogo de azar do que um centro cultural. E é por isso que vou continuar a desenvolver o projeto", disse o reitor interino Fracalanzza.

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