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Turismo e estudos unem famílias em intercâmbio

Agências registram alta de até 50% em pacotes para pais e filhos, que costumam preferir EUA, Canadá e Inglaterra como destino

Por Victor Vieira
Atualização:

SÃO PAULO - Intercâmbio fora do País deixou de ser motivo para ficar longe da família. Nos últimos anos, as agências multiplicaram os pacotes especiais, que permitem viagens com parentes. E nem todos seguem o mesmo roteiro: cada membro da família tem aulas ou atividades segundo seus interesses e faixa etária. Em 2013, a cientista da computação Eliane Santiago, de 39 anos, precisava estudar inglês no exterior para tentar uma vaga no doutorado, mas não queria se afastar dos dois filhos, na época com 9 e 11 anos. "Minha maior dificuldade no idioma era escutar e entender o que as pessoas diziam", lembra. Para superar o obstáculo, ela considerava fundamental uma temporada em outro país. A solução foi arrumar a bagagem dos três rumo a Auckland, na Nova Zelândia, durante as férias escolares de verão. Enquanto Eliane ia ao curso avançado, as crianças, que nunca haviam frequentado aulas de idioma fora da escola, assistiam a classes mais básicas. "Eu sabia que eles não iam voltar falando inglês, mas desenvolveriam habilidades que facilitariam a aprendizagem depois", conta a mãe.

Trio.Eliane e os filhos viajaram para a Nova Zelândia Foto: Nilton Fukuda/Estadão

O Natal e o ano-novo do outro lado do mundo não foram problema. Durante os 40 dias de intercâmbio, os três ficaram hospedados em um lar neozelandês. Em geral, as agências oferecem a possibilidade de alugar um imóvel, ficar em um hotel ou se hospedar na casa de uma família local.

Ricardo Ramos, o filho mais velho, aprovou. "Melhorei muito minha pronúncia", diz. "Em 2013, eu tirava notas ruins (em inglês). Neste ano, passei direto", acrescenta o adolescente, que sonha com outro intercâmbio, desta vez na Inglaterra ou no Canadá. Para ele, a experiência em família também ajudou. "Se alguém tinha dúvida com uma palavra, o outro ajudava", afirma.

Malas prontas.

Estados Unidos, Canadá e Inglaterra estão entre os destinos preferidos das famílias que viajam juntas para fazer intercâmbio. Os pacotes têm aulas que vão desde as tradicionais, de idiomas, até artes ou culinária estrangeira.

Os preços variam de acordo com o serviço. O pacote com curso e estada para um adulto e uma criança em uma apartamento alugado na Flórida por duas semanas fica em cerca de R$ 7,5 mil. Se as duas pessoas optarem por ter aulas de idioma em Londres e morar em um apartamento alugado, pelo mesmo período, o preço quase dobrará. Ficar em casa de família costuma ser mais em conta.

A maioria aproveita períodos de férias, em janeiro ou julho, para fazer intercâmbios de poucas semanas. Outros ficam temporadas maiores, como um semestre ou um ano sabático. Em geral, os grupos são formados por pais e filhos menores, já que os adolescentes em geral preferem uma viagem independente.

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"Em muitos casos é uma experiência que os pais não tiveram oportunidade e querem aproveitar a chance agora", explica Fabiana Fernandes, gerente de produtos da Central de Intercâmbio (CI). Segundo ela, o número de intercâmbios em família contratados na agência neste ano subiu 50% em relação a 2013.

Crescimento semelhante foi registrado na agência Student Travel Bureau (STB). "Já há viagens desse tipo até para feriados", diz a gerente de produtos Márcia Mattos. Em alguns casos, a família viaja ao mesmo tempo, mas não para o mesmo lugar. "Os pais podem fazer um curso em Londres e os filhos em Cambridge, por exemplo."

Roteiro na mão.Cristiane Araújo e a filha Nicoly se preparam para embarcar para a Flórida Foto: Werther Santana/Estadão

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De novo.

A experiência de intercâmbio foi tão boa que a família Tondo decidiu repetir a dose. Após um mês de curso em Londres, em 2012, eles decidiram voltar à Inglaterra neste ano. Os filhos, Lucca e Enzo, de 16 e 11 anos, e a mãe, Lisiane, ficaram no curso de inglês. O pai, Rogério, aproveitou a passagem pelo Reino Unido para uma formação rápida em uma renomada escola de negócios.

"Sempre viajamos muito e queríamos que nossos filhos tivessem a experiência de estudar inglês fora", explica a jornalista Lisiane, de 46 anos, que mora em Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. Para ter uma vida mais próxima à dos londrinos, resolveram alugar um apartamento nas duas vezes em que ficaram na cidade. "Também é uma chance de propiciar às crianças esse ambiente internacional", acrescenta a mãe. "Eles tiveram colegas de todas as partes, muitos da Rússia e até do Casaquistão", diz.

Lazer pesa na escolha. Além dos cursos e livros, as alternativas de diversão também pesam na escolha do destino do intercâmbio em família. É o caso de Cristiane Araújo, de 39 anos, que viajará para a Flórida, nos Estados Unidos, com a filha Nicoly, de 13. “É um lugar com bastante coisa para fazer e clima agradável, além de outros atrativos. Estou indo com uma pré-adolescente que também quer ter diversão”, conta Cristiane.

Cidades frias ou com menos atrativos turísticos logo foram descartadas. O roteiro na Flórida, já montado pela adolescente, inclui parques na Disney e lojas em Miami. As duas embarcam em janeiro. 

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Cristiane, no entanto, não quer perder de vista o ganho nos estudos. Professora de inglês, ela terá a primeira chance de praticar o idioma fora do País. “A experiência fora é importante para o currículo. Para mim é o presente, como profissional. Para minha filha, é o futuro.”

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