Teve de tudo nos vestibulares deste ano

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Por Agencia Estado
Atualização:

Divulgadas as listas de aprovados nos principais vestibulares do País, vestibulandos e professores realizam balanço das provas e concluem: teve de tudo. De poesia na prova de inglês a desenho na de química, passando por folheto com propaganda de simpatia na de português, as avaliações não tiveram padrão de dificuldade nem de elaboração. Vestibulando de engenharia na USP e na Unicamp, Henrique Rodrigues, de 18 anos, não acreditou quando viu uma das primeiras perguntas da prova de química da segunda fase da Fuvest. "Eles pediam para desenhar um átomo. Era tão fácil que parecia pegadinha." Em compensação, quando se deparou com uma questão de matemática sobre números complexos, quase entrou em desespero. "Não consegui resolver de jeito nenhum." Candidata a uma vaga em farmácia na USP ou na Unesp, Silvia Chen, de 19, também agradeceu pela pergunta de química e ainda se surpreendeu com as de literatura. "Não tinha lido todos os livros que a Fuvest pediu. Mas consegui responder tudo só com os resumos. Foi uma boa surpresa." Já na prova de biologia, ela teve de apelar para a memória. "As perguntas eram de detalhes. Daquela parte que fica no rodapé da apostila e a gente mal lê." A pedido dos JT, professores do Objetivo destacaram as perguntas mais fáceis, mais difíceis e mais surpreendentes dos vestibulares de 2003. As questões de geografia agradaram a coordenadora da disciplina, Vera Lúcia Antunes. "Tivemos perguntas inteligentes, criativas, que exploraram assuntos da moda e do cotidiano do aluno", diz. Para ela, o exame mais fácil foi o da UFSCar e, o mais difícil, da Unicamp. Já as provas de matemática não apresentaram muitas surpresas. "Como sempre, os exames tinham perguntas de porcentagem relacionadas ao dia-a-dia e o exame da Unicamp, que costuma ser criativo, não esteve tão interessante quanto os anteriores", afirma o coordenador, Giuseppe Nobilioni. A única novidade foi a exclusão da pergunta sobre desenho geométrico que fazia parte da segunda fase da Fuvest. "Neste ano, ela não apareceu." Em biologia, os examinadores aproveitaram os assuntos que estiveram na mídia em 2002 para checarem os conhecimentos dos estudantes sobre pontos fundamentais da matéria. "Eles usaram a clonagem, por exemplo, para perguntar sobre DNA", conta o coordenador da disciplina, Luiz Carlos Bellinello. Ele afirma que a prova mais simples foi a da 1.ª fase da Fuvest e, a mais complicada, da Unifesp. Os exames de história também exploraram bastante os temas da atualidade e a maioria não exagerou em enunciados longos. "Apareceram várias questões interdisciplinares, que relacionaram literatura, arte, religião e história", diz o coordenador, Francisco Alves da Silva. "E assuntos como a escravidão e o papel da mulher estiveram presentes em todas as provas." Inglês sem gramática e química trabalhosa O ponto comum nas provas de português foi trabalhar com diversos registros lingüísticos, diz o professor Fernando de Andrade. "As linguagens jornalística, publicitária, musical e dos quadrinhos foram bem exploradas", diz. "No exame da Unicamp teve até um folheto com propaganda de simpatia. Foi uma pergunta muito criativa." Em inglês, afirma a coordenadora, Cristina Armaganijan, os exames foram diferentes uns dos outros por serem baseados em textos. "Foi raro encontrar uma prova que cobrasse gramática. As perguntas foram de compreensão de texto." Para ela, o vestibular da Unicamp foi o que melhor conseguiu avaliar o aluno. "Foi um exame bem-feito e com boas surpresas, o meu preferido." Química foi marcada por questões bem trabalhosas. "Na segunda fase da Fuvest, por exemplo, as perguntas tinham três ou quatro itens. O aluno teve de se esforçar", garante o coordenador, Antônio Mário Salles. "Já a Unicamp apresentou a prova mais criativa. Suas doze questões estiveram, de alguma forma, relacionadas ao tema da alimentação." Para Salles, o exame mais difícil foi o do ITA e, o mais fácil, o de conhecimentos gerais da Unesp. Criatividade foi o que faltou nos exames de física, afirma o professor Ricardo Helou Doca. "As provas foram puxadas, mas tivemos raríssimas perguntas interessantes", diz. "Faltaram originalidade, contextualização e interdisciplinaridade."

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