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Técnico-administrativo tem salário maior do que o do reitor da USP

Remunerações mostram distorções, segundo especialistas; maior vencimento, de R$ 60 mil, é de professor aposentado da Psicologia

Por Barbara Ferreira Santos e Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Atualizada às 14h do dia 18, com posicionamento da reitoria da USP

A divulgação dos salários de todos os funcionários da Universidade de São Paulo (USP), nesta segunda-feira, 17, no site da Transparência da Universidade, mostrou que um técnico em assuntos administrativos ganha mais do que o reitor: R$ 30,3 mil - o salário do reitor é de R$ 28,9 mil por mês. Uma bibliotecária chega a ganhar R$ 24 mil.

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A remuneração mensal mais alta da USP alcança o valor de R$ 60 mil, do professor aposentado Arrigo Leonardo Angelini, de 90 anos, do Instituto de Psicologia. Salários que estejam acima do teto do Estado - R$ 20,6 mil mensais - deverão ser cortados pela universidade por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação sobre os salários foi divulgada porque o jornal Folha de S. Paulo ganhou uma ação na Justiça que obriga a USP a fornecer os dados.

Para a especialista em educação Ilona Becskeházy, a divulgação dessas remunerações mostra que há distorções entre os salários da universidade e o mercado. "A gente tem de saber quais são os critérios para atribuir salários na USP, porque todo mundo paga essa conta."

Para o professor José Renato Araújo, do curso de Gestão Pública da USP, as distorções mostram que a universidade precisa se "modernizar administrativamente". "Vai ter de reorganizar salários, não dá para uma secretária ganhar mais do que o reitor, por mais competente que seja."

Para Chico Miraglia, da Associação de Docentes da USP, o resultado prático da divulgação é de mais transparência. Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Solange Conceição Veloso, o salário dos servidores não tem relação com a crise da universidade. "O problema é da má administração."

Carreira. Em nota, a reitoria da USP afirmou que não possui carreiras diferenciadas por grupos de funções ou por funções individualizadas, mas uma única carreira dividida em três grupos: básico, técnico e superior. "Este modelo é adotado pela Universidade desde 1986 e foi mantido nas duas carreiras seguintes implantadas desde então, em 1995 e 2011". 

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A reitoria informou que, como os reajustes ou valorizações são aplicados "de forma uniforme e isonômica" na tabela, os salários não são definidos para cada função, mas por grupo de classificação. "Ou seja, na Universidade todas as funções são iguais, em termos salariais, dentro do grupo a que pertencem."

Segundo a universidade, podem ser acrescentadas a essas remunerações vantagens salariais decorrentes do tempo de serviço, previstas em legislações. "Além disso, situações específicas podem exceder o teto remuneratório em virtude de decisões judiciais ou de verbas consideradas indenizatórias pela legislação, a exemplo do abono de permanência e auxílio-creche." 

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