A divulgação dos salários de todos os funcionários da Universidade de São Paulo (USP), nesta segunda-feira, 17, no site da Transparência da Universidade, mostrou que um técnico em assuntos administrativos ganha mais do que o reitor: R$ 30,3 mil - o salário do reitor é de R$ 28,9 mil por mês. Uma bibliotecária chega a ganhar R$ 24 mil.
A remuneração mensal mais alta da USP alcança o valor de R$ 60 mil, do professor aposentado Arrigo Leonardo Angelini, de 90 anos, do Instituto de Psicologia. Salários que estejam acima do teto do Estado - R$ 20,6 mil mensais - deverão ser cortados pela universidade por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação sobre os salários foi divulgada porque o jornal Folha de S. Paulo ganhou uma ação na Justiça que obriga a USP a fornecer os dados.
Para a especialista em educação Ilona Becskeházy, a divulgação dessas remunerações mostra que há distorções entre os salários da universidade e o mercado. "A gente tem de saber quais são os critérios para atribuir salários na USP, porque todo mundo paga essa conta."
Para o professor José Renato Araújo, do curso de Gestão Pública da USP, as distorções mostram que a universidade precisa se "modernizar administrativamente". "Vai ter de reorganizar salários, não dá para uma secretária ganhar mais do que o reitor, por mais competente que seja."
Para Chico Miraglia, da Associação de Docentes da USP, o resultado prático da divulgação é de mais transparência. Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Solange Conceição Veloso, o salário dos servidores não tem relação com a crise da universidade. "O problema é da má administração."