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SP vai centralizar dados sobre infecções pela covid-19 em escolas públicas e particulares

Plataforma deverá ser preenchida caso o colégio identifique aluno ou professor infectado; estratégia é para prevenir surtos e orientar trabalho da Saúde

Por Julia Marques
Atualização:

O governo estadual paulista vai centralizar registros de infecções pela covid-19 nas escolas públicas e particulares. Um sistema dentro do site da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo será abastecido pelos colégios estaduais, municipais e privados indicando casos de contaminação de alunos e professores e quais contatos tiveram durante o período de infecção. 

Caso seja detectado um caso de infecção pela covid-19, o colégio deverá enviar os dados com informações se o infectado é aluno, professor ou auxiliar, se pertence ao grupo de risco e com quem teve contato no colégio Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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A estratégia visa a reduzir o risco de surtos nas escolas e também informar a Secretaria da Saúde sobre os registros da covid-19 e o papel ou não do colégio no aumento de casos. Todas as escolas reguladas pelo governo estadual, incluindo as municipais de 400 cidades, serão obrigadas a preencher a plataforma. 

As escolas municipais da capital paulista não terão de preencher a plataforma obrigatoriamente porque são reguladas por um conselho municipal de educação próprio, mas podem acessar o sistema e participar do rastreamento, caso queiram.

Se for detectado um caso de infecção pela covid-19, o colégio deverá enviar os dados com informações se o infectado é aluno, professor ou auxiliar, se pertence ao grupo de risco, os dias da semana em que frequentou a escola e com quem teve contato no colégio. “Como estamos falando de voltar em todas etapas, é importante que o rastreamento seja cada vez maior”, disse ao Estadão o secretário Rossieli Soares. 

Segundo o secretário, esse monitoramento já é feito nas escolas estaduais que reabriram e, por meio disso, é possível saber que os casos de covid-19 entre alunos e professores não foram provocados pela abertura da escola nem causaram outras contaminações nas unidades. “Quando localizamos um aluno que teve covid, observamos o endereço até para que a saúde também tenha essa informação.” A plataforma vai ao ar a partir da próxima terça-feira, 22.

Carlos Magno Fortaleza, infectologista que faz parte do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, explica que a detecção de um caso suspeito na escola pode motivar uma triagem de sintomas mais rigorosa entre aqueles que ficaram mais próximos do aluno contaminado. Em momentos de crescimento nas infecções pela covid-19, como a fase vermelha, pode-se recomendar, por exemplo, uma quarentena para toda a turma.

"O rastreamento de contatos não se limita àquela escola. Há famílias com crianças estudando em mais de uma escola e professores que ensinam em mais de uma escola. A possibilidade de saber quem teve a covid e quem são as pessoas que precisam ser monitoradas porque estão em risco é valiosa demais", diz Fortaleza.

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No caso de irmãos que estudam em escolas diferentes, se um deles tem a doença, o preenchimento dessa informação pela escola no sistema pode soar o alerta para a unidade onde estuda a outra criança. "Vai além do valor para uma escola individualmente, tem um valor epidemiológico", diz Fortaleza, que faz parte da diretoria da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).  

Durante as próximas semanas, as escolas deverão receber treinamento para o preenchimento dos dados. Segundo Rossieli, a adoção da estratégia foi pactuada com a Associação Brasileira de Escolas Particulares (Abepar) e o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Paulo (Sieeesp), além da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). 

“A escola privada com fiscalização estadual será obrigada a preencher. Se eles se negarem, a gente pode não autorizar o funcionamento”, disse o secretário. Segundo Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp, os colégios particulares já vêm sendo orientados sobre isso há mais de 30 dias. Ele diz que os registros de covid-19 nessas unidades são raros.

Para Arthur Fonseca, da Abepar, a estratégia é positiva para acompanhar as ocorrências nos colégios. "É um compromisso público das escolas de notificar a sua comunidade sobre os casos que acontecerem." Ele diz que as escolas particulares associadas já fazem o rastreamento de infecções, mas a comunicação integrada com todas as unidades pode ajudar até mesmo nas estratégias das equipes de Saúde. 

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"Com o universo de alunos da educação básica, com certeza seremos um instrumento interessante de acompanhamento desse processo, na lógica de que a escola aberta é essencial", diz Fonseca. "Assim como o profissional de saúde tem de ser monitorado, os da educação também." A estratégia de rastreamento se insere em um contexto de manutenção das escolas abertas no Estado de São Paulo, mesmo com alta de infecções.

Como o Estadão antecipou nesta quinta-feira, o governo estadual paulista decidiu manter escolas abertas em todas as fases do plano de reabertura, até mesmo na vermelha, a mais restritiva. Dessa forma, os colégios serão considerados serviços essenciais, assim como as farmácias e os supermercados. Os municípios podem ser mais restritivos e vetar o funcionamento das unidades - para isso, deverão apresentar justificativa. 

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