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São Paulo ganha escola para as divas no estilo Pin-Up

Estética da mulher voluptuosa, de olhos estilo ‘gatinho’ e lábios vermelhos, atrai nova geração

Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - Entrar na casa da pin-up Marília Skraba, de 32 anos, é como ser transportado por uma máquina do tempo para meados do século 20. Móveis de madeira maciça, comprados em antiquário, dão as boas-vindas na sala. Em cada quarto, há pelo menos uma penteadeira com espelho e luzes de camarim e as camas têm estilo vintage. O guarda-roupa é lotado de vestidos balonê e saias de cintura altura.

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O cenário é perfeito para colocar em prática a escola de pin-ups idealizada por Marília, que ontem teve a primeira edição. Durante todo o domingo, na casa dela em Santo André, no ABC paulista, três meninas tiveram aulas de história das pin-ups, maquiagem e cabelo. Finalizaram o curso com dois ensaios fotográficos cada uma.

Oitenta anos após o auge das pin-ups nos Estados Unidos, a estética da mulher voluptuosa, de olhos pintados no estilo “gatinho” e lábios vermelhos, ganhou a admiração de brasileiras que repaginaram a estética com conceitos modernos de empoderamento. A estética é semelhante à do século passado, explica Marília, reproduzindo a mesma forma de fotografar e posar, além de imitar as roupas e a maquiagem. A diferença está no conceito. “Não tem como ser 100% igual à pin-up da década de 1940 porque é preciso atualizar, trazer para o nosso tempo”, diz. “O feminismo me deu essa escolha como mulher: faço isso para me agradar, para me sentir bonita.”

Marília Skraba dá aula na primeira edição da escola de pin-ups Foto: Sergio Castro/Estadão

‘Esquisita e feia’. Ao divulgar o curso, a escola de pin-ups criada por Marília chegou a ser comparada, nas redes sociais, às Escolas de Princesas. Ela diz que é exatamente o oposto. “Queremos que essa mulher se sinta empoderada de fora para dentro. Queremos levantar a autoestima dela. Eu, por exemplo, me identifiquei com as pin-ups porque me achava esquisita e feia. Mas descobri a estética pin-up e me encontrei. Meu corpo foi feito para isso.”

Marília é uma das pioneiras dessa tribo de pin-ups no Brasil, que ganhou força nos últimos cinco anos com a onda mercadológica de produtos retrô e vintage. Há nove anos, ela criou uma marca de roupas retrô pensando em si e em outras meninas, após perceber que seu corpo era “diferente” dos modelos vendidos nas lojas de departamento. 

Com o sucesso da loja, começou a convidar mulheres “com corpos reais”, e não modelos, para fotografar com as peças. O passo seguinte foram ensaios individuais e, com a procura maior do que imaginava, teve a ideia de criar a escola de pin-ups. A segunda edição já está com turma fechada para junho e a frequência de realização dos cursos deve ser bimestral. O valor é de R$ 1,2 mil. 

Por toda a casa de Marília, enfeitam a parede quadros de Marilyn Monroe, pin-ups e galãs de cinema preto e branco – que também estampam panos de prato e toalhas de banho, por exemplo. Na cozinha, as paredes, o liquidificador e a batedeira são rosa bebê, o fogão é vintage e as cadeiras são da década de 1950. Por isso, cada cômodo da casa serviu de set de filmagem e fotografia temáticos.

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A analista de tecnologia Larissa Ribeiro, de 25 anos, por exemplo, fotografou no estilo rockabilly – subgênero do rock and roll – na cozinha, com pipocas em potes retrô e balões de tons pastel de enfeite. Ela, que se diz completamente apaixonada pela estética pin-up, recusa a ideia de hipersexualização historicamente associada à figura. “É uma beleza agradável. Não é uma beleza vulgar, que vai faltar com respeito. Posso mostrar para o meu avô sem problemas. O ensaio me faz sentir mais feminina”, diz. “Quero mostrar para meus filhos. Não quero deixar essa beleza morrer.”

Já a agenciadora Ângela Estevão, de 33 anos, fez o ensaio de divas de Hollywood, tendo a sala como cenário. “As pessoas julgam muito as roupas pin-ups, têm preconceito. Mas a ideia é poder se mostrar, quebrar tabus e dizer que a estética volta com uma pegada moderna”, explica ela, que, com o curso, pretende fazer shows e performances próprias, além de aplicar os conhecimentos em eventos que produz. 

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