Sistema de cotas para negros enfrenta oposição de 85%

O sistema, em discussão em vários Estados brasileiros, já está em vigor em universidades do Rio de Janeiro e da Bahia

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Por Agencia Estado
Atualização:

Brancos na sua maioria e candidatos mais prováveis a conquistar as vagas das universidades públicas, 85% dos jovens das classes A e B são contra o sistema de cotas para negros ou alunos carentes. Poucos (9%) concordam com a reserva de vagas apenas para estudantes do ensino médio público. O sistema, em discussão em vários Estados brasileiros, já está em vigor em universidades do Rio de Janeiro e da Bahia. Parte das vagas no vestibular das instituições estaduais é disputada apenas por estudantes negros e comprovadamente carentes. Alunas do 3º ano do ensino médio, Andrea Krohn e Elisa Machado, ambas de 17 anos, consideram as cotas um mero paliativo. Para elas, o problema é estrutural. "A educação pública tem de ser melhor, ser uma prioridade para o governo", disse Elisa. "Raça é um conceito tão discutível hoje em dia, que está deixando de existir. Somos todos iguais, não existem uns mais ou menos que os outros", afirmou Andrea. As duas acreditam que a educação precisa melhorar, e muito, para resolver problemas como o acesso à universidade pública. "Tem de acabar com essa história de aprovação automática só para aparecer nas estatísticas", disse Elisa. Mesmo entre estudantes mais novos as cotas não são bem vistas. Fernando Ciosak Saqueto, de 14 anos, ainda tem alguns anos pela frente antes do vestibular, mas sua opinião sobre o sistema já está formada. "Os direitos têm de ser iguais para todos." Esses mesmos estudantes concordam com a gratuidade das universidades públicas (73%). Apenas 10% deles acham que o ex-aluno deveria realizar serviços para a comunidade como forma de retribuir os gastos com seu ensino superior. E 8% disseram que os estudantes de universidades públicas que tivessem condições financeiras para pagar a mensalidade deveriam fazê-lo. Mais de 40% dos pais e das mães dos entrevistados na pesquisa cursaram ensino superior: 23% deles são hoje empresários, 14% profissionais liberais e 10% funcionários públicos. A maior parte dos alunos, atualmente no ensino médio e em cursinhos, espera qualidade de ensino e bons professores (42%) quando chegarem à universidade. O trabalho, que ouviu alunos entre os dias 28, 29 e 30 de abril, foi divulgado nesta sexta-feira durante a feira Educar/Educador 2003. O evento mostrou, entre quarta-feira e ontem, novidades na área de tecnologia para equipar as escolas, além de organizar palestras com educadores.

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