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Escola Politécnica da USP cria programa em que professores titulares viram mentores de quem acaba de chegar aos departamentos

Por Carlos Lordelo
Atualização:

Quando Amilton Sinatora começou a lecionar na Escola Politécnica da USP, há 28 anos, ele dava pouca importância à participação em comissões da faculdade. Surpreendeu-se, porém, com o peso que os colegas docentes atribuíam às atividades burocráticas e resolveu se envolver nos fóruns de discussão. Hoje aos 60 anos, Sinatora orienta a professora recém-contratada Karin Marins, de 34, a não cair nas mesmas armadilhas de quem está iniciando a carreira na Poli.

 

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“Aprendi empiricamente os valores que regem a Poli e, se alguém tivesse me ajudado, talvez erraria menos no julgamento de questões como a importância da hierarquia na escola”, diz Sinatora. Ele é mentor de Karin há quase um ano em um projeto que visa a acelerar a integração de novos professores à Poli - uma espécie de “trote profissional”. Os docentes “mentorados” também recebem acompanhamento de uma consultoria de RH para formular seus planos de carreira.

 

Diversidade. A iniciativa abrange 13 professores calouros dos quatro departamentos responsáveis pelo curso de Engenharia Civil. Os mentores são titulares de outros nove departamentos. “Se fossem da mesma área havia o risco de eles só falarem sobre coisas técnicas”, diz o consultor do projeto, Reinaldo Yonamine, ex-aluno da Poli e doutorando em Psicologia.

 

Outro objetivo do cruzamento é estimular a integração entre os diferentes setores da escola - uma das maiores unidades da USP, com 452 docentes. “Existe uma tendência de os professores se isolarem, um problema crítico.”

 

 

Para o professor Valério Almeida, de 39, a troca de ideias com o mentor deu novo sentido à sua produção científica. Ele está escrevendo um artigo tentando conectar pontos de suas linhas de pesquisa que pareciam desligados. “Embora seja de outra área, ele (o mentor) conseguiu rapidamente enxergar aspectos em comum na minha pesquisa sobre os quais nunca tinha pensado.”

 

José Sidnei Colombo, de 64, mentor de Valério e coordenador do câmpus da capital, diz que só ajudou o colega a descobrir cenários. “Não adianta ter alguém atrás te empurrando, é preciso ter alguém na frente te inspirando.”

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