Sebrae abre escola para empreendedor

Aulas da nova instituição vão começar em agosto; governo federal quer estimular competências ligadas ao tema em todas as áreas de ensino

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Por Túlio Kruse
Atualização:

SÃO PAULO - Estimulado pelo governo federal, o foco em desenvolvimento de habilidades relacionadas ao empreendedorismo está influenciando a grade curricular de novos cursos de Administração no País. 

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Aposta será em exercícios práticos, apresentações, solução e simulação de situações reais nos encontros Foto: REINALDO CANATO/SEBRAE-SP

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Essa será a preocupação central na Escola Superior de Empreendedorismo (ESE), administrada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). As aulas na instituição começam em agosto, após um processo seletivo no mês que vem. A escola vai apostar nas chamadas “metodologias ativas” de ensino, que estimulam exercícios práticos, apresentações, solução e simulação de situações reais, em vez de aulas expositivas com o professor no centro das atenções. A intenção é incentivar o protagonismo estudantil, segundo a gerente da Unidade de Cultura Empreendedora do Sebrae em São Paulo, que é responsável pela ESE, Juliana Schneider. 

“O empreendedorismo sempre foi tratado nos curso de Administração, sempre foi abordado, mas era algo mais pontual”, diz Juliana, para quem os cursos de Administração tradicionalmente têm o ensino voltado para a formação de “executivos”, e não profissionais que estejam à frente do negócio. “Nós vamos estimular também que ele (aluno) olhe para esse processo de formação, não necessariamente só para sair de lá e montar o próprio negócio, mas que ele possa se apropriar dessa formação e tenha esse olhar inovador onde quer que esteja.”

A ESE vai oferecer 50 vagas para o bacharelado em Administração para o próximo semestre. Há também dois cursos de MBA (Master in Business Administration) e dois de extensão, com 30 vagas cada. A maior parte dos professores da escola é consultora em empreendedorismo do Sebrae e migrou para a carreira acadêmica, segundo o órgão. Aprovado pelo Ministério da Educação (MEC) para entrar em atividade em janeiro deste ano, o curso é resultado de um planejamento pedagógico que durou cinco anos. 

Para a gerente responsável pela escola, a configuração da grade curricular é também resultado de sinalizações do governo de que o empreendedorismo deve ser incentivado no ensino superior. “O MEC tem incentivado o empreendedorismo e a inovação nas matrizes curriculares das instituições. Eles também perceberam essa mudança e, por isso que todos, de certa forma, têm buscado se ajustar. O mundo é outro”, diz Juliana.

MEC. Em entrevista ao Estado, o secretário de Educação Superior do MEC, Paulo Barone, afirma que o governo tem estudado maneiras de estimular competências ligadas ao empreendedorismo em todas as áreas de ensino. O tema pode se transformar em parte de uma “diretriz transversal” para o ensino superior.

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Na semana passada, segundo ele, o MEC iniciou um diálogo com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e com a Associação Nacional dos Parques Tecnológicos(Anprotec) para discutir políticas nesse sentido. Uma das estratégias estudadas pelo secretário é “provocar o Conselho Nacional de Educação a emitir uma recomendação, que pode dirigir-se a todas as escolas”.

“Não é a ideia exigir disciplinas nem criar programas obrigatórios, porque tudo isso transforma a questão em uma artificialidade”, afirma Barone. Para ele , ainda é necessário mobilizar segmentos acadêmicos em torno da questão. 

Barone ressalta que o tema não deve ficar restrito a cursos da área de Administração e educação executiva.“É uma característica pessoal que deve ser desenvolvida de maneira a enfrentar os desafios do mundo contemporâneo”, diz. “Tem a ver com tudo, alcança muitas outras áreas.”

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