São Paulo terá crédito estudantil com juro menor

Programa estadual deve começar em 2005. Estudantes devem ter 2 anos para começar a pagar

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Por Agencia Estado
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O governo de São Paulo vai emprestar dinheiro para os estudantes pagarem a faculdade. O Crédito Educativo Estadual, que funcionará de maneira semelhante ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies), deve começar a funcionar no começo do ano que vem. Ainda não estão definidas regras como critério de seleção e porcentagem do financiamento nem o número de estudantes contemplados, mas já se sabe que o juros poderão ficar em 6% ao ano (menor que os 9% do Fies) e que o prazo de carência para o início do pagamento será de dois anos (o do Fies é de um ano). Programa viável Os acertos foram feitos na semana passada, quando uma comissão, liderada pelo deputado José Caldini Crespo (PFL) e integrada por representantes do banco Nossa Caixa e das associações das universidades particulares e comunitárias, esteve com o secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita. Para definir as demais regras, será formado um grupo de trabalho até a semana que vem, afirma Crespo. A lei do crédito estadual, de autoria do deputado, foi aprovada e sancionada em janeiro de 2002 mas não tinha sido regulamentada. Ele explica que, em dezembro passado, uma equipe da Nossa Caixa foi ao Rio Grande do Sul (único Estado a ter um crédito próprio) analisar como o financiamento era feito. "Eles voltaram convencidos de que o programa era viável", relata o deputado. "Agora só falta o governador definir a comissão de trabalho." Juros de 6% De acordo com o deputado, o grupo escolhido para propor as regras trabalharia pelo menos dois meses. "Precisamos de algumas resoluções, como a porcentagem do financiamento, para saber o número de alunos atendidos", diz. "Mas a taxa de juros de 6% é possível e deve ser adotada, para evitar a inadimplência." O dinheiro para o crédito viria do Estado. "Acredito que o atendimento deva ser pequeno no começo, se contemplasse dois mil estudantes já estaria ótimo, porque nos primeiros seis anos não há retorno", lembra Crespo. "E pode parecer que dois mil é pouco, mas é muito melhor do que nada." 100 mil precisam Hoje, mais de 100 mil universitários no Estado estariam precisando de financiamento ou de bolsas, segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE). "O Fies atende 20 mil deles e, com alguns anos de crédito estadual, também poderíamos chegar a esse patamar. Assim, 40% dos alunos estariam contemplados", diz o parlamentar. Apenas com algum tipo de financiamento a ex-universitária Flávia de Oliveira, de 28 anos, poderá voltar a estudar. Sem conseguir pagar as mensalidades de R$ 840 do curso de Ciências da Computação, ela teve de trancar a matrícula no início do ano. Em 2003, Flávia de inscreveu no Fies, mas não foi selecionada. Com algumas mensalidades já atrasadas, teve de pedir um empréstimo no banco para concluir o segundo ano. "Tive de parar por falta de dinheiro, não tinha mais de onde tirar", conta. Ao saber do crédito estadual, Flávia se animou. "Quem sabe agora eu consigo. Não é possível que a gente não possa estudar nesse País."

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