Santo Américo, instituição católica, premia desempenho

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

Confiança. Felipe se sente preparado para o vestibular

 

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O relógio marca 16h30 e, na porta do Colégio Santo Américo, na zona sul, o aluno do ensino médio Felipe Levy Laloni, de 17 anos, aguarda sua mãe buscá-lo. Enquanto ela não chega, ele aproveita a companhia da namorada, colega de turma. Na despedida, até se beijam. Cena impensável dentro dos muros da unidade de ensino, que é uma das mais tradicionais de São Paulo.

 

"O que acho mais chato do Santo Américo é a rigidez, não em relação ao ensino, mas à convivência na escola", diz o aluno do 3º ano C. "Aqui, há uma espécie de código que regulamenta, por exemplo, o que os alunos podem ou não vestir." Namorados podem andar de mãos dadas, e só. "Os bedéis controlam bastante o que os alunos fazem", conta Felipe.

 

Mas a outra rigidez - em relação ao ensino - foi o que atraiu Felipe para o Santo Américo, onde está desde o 1º ano. Até então, ele estudava no Lourenço Castanho, também na zona sul, mas cujos alunos tiveram notas inferiores aos do Santo Américo nas últimas edições do Enem.

 

Faltando seis meses para terminar o ano letivo, Felipe já se sente cansado. No Santo Américo, os aproximadamente cem alunos das quatro turmas de 3º ano têm aulas das 8 horas às 16h20, às segundas e sextas-feiras, até as 17h05, às terças e quintas, e até 12h15, às quartas-feiras. "Mas a gente tem que encarar, porque este é o ano do vestibular", consola-se.

 

Nessa grade de horários tem espaço reservado para aulas de religião. "Não é bem uma aula", corrige Felipe. "São como palestras, em que a gente discute mais as coisas do cotidiano, do que acontece fora da escola, do que religião em si." Nas turmas de 3º ano, é inevitável não falar de assuntos como sexo e drogas. E missa, tem? "A cada três meses."

 

O currículo do ensino médio também inclui, por exemplo, aulas de filosofia e de história das artes. No 1º ano, os alunos tiveram um curso de economia financeira. "O Santo Américo me deu base para competir em qualquer vestibular e resolver problemas e desafios que posso encontrar fora da escola, como, por exemplo, administrar o dinheiro", conta.

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Segundo o estudante, o colégio é "puxado" e estimula a competitividade entre os alunos. Aqueles que têm média geral maior que 8 e todas as notas acima de 7 recebem "plaquinhas de reconhecimento" e até premiação - como obras literárias cobradas em vestibulares. Felipe já ganhou uma vez, quando estava no 1º ano. "No fim das contas, não faz diferença. Pelo menos a escola não é do tipo que separa turmas", diz ele, que vai tentar Engenharia na USP e Administração no Insper e na FGV.

 

Felipe não tem reclamações a fazer da estrutura física do Santo Américo, principalmente porque ele gosta de praticar esportes. Aos sábados, faz polo aquático, mas não treina com a mesma frequência dos últimos dois anos. Fora da escola, também faz musculação e natação. Outras atividades, como o curso de inglês, foram deixadas de lado. "O estudo ocupou uma parte maior do meu tempo livre neste ano", diz.

 

Mudaria alguma coisa na escola? Felipe responde rápido: diz que o Santo Américo é "rígido demais". "Sei que ele não pode se desvincular totalmente da tradição religiosa, mas, da mesma forma que a Igreja vem se modernizando, o colégio poderia mudar um pouco a sua conduta."

 

FALA, MÃE!

Roberta Levy Laloni, de 45 anos, consultora de moda

 

"O Felipe pediu para fazer o ensino médio em outra escola e nós o matriculamos no Santo Américo por ser maior que o colégio onde ele estudava, o Lourenço Castanho. Achei que a mudança seria interessante, para ele já ir se acostumando a como vai ser na faculdade. Além disso, ele passou a ter atividades em período integral, e o ensino no Santo Américo é muito bom.

 

Parentes e amigos cujos filhos estudam ou já estudaram lá sempre me falaram bem da escola. O espaço físico é excelente e os alunos têm muitas opções além do currículo escolar - aulas de robótica, cinema, esportes, curso de inglês, por exemplo. Ou seja, o Santo Américo é completo.

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O fato de ser de ensino religioso pesou na decisão, porque eu mesma estudei em colégio católico, o Pio XII. Mas isso foi o último fator que levei em consideração, até porque não é nada ortodoxo. Em primeiro lugar veio a qualidade do ensino. Por isso, aproveitei e matriculei os dois irmãos mais novos do Felipe no Santo Américo. Também por uma questão de logística: é mais fácil buscar todos num só lugar.

 

O ensino integral facilita a minha vida e a deles sob vários aspectos. Por exemplo: os alunos não levam lição para casa (respondem lá mesmo, na escola, e a gente depois não precisa ficar cobrando) e aprendem a comer de tudo (porque comem o que tem no refeitório do colégio e não ficam reclamando da comida de casa).

 

O Felipe reagiu muito bem à mudança para o Santo Américo. Fez mais amigos, dedicou-se mais ao esporte que ele gosta, o polo aquático, e está recebendo uma boa preparação para o vestibular."

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