'Saímos da UTI e agora caminhamos pelos corredores'
Para secretário executivo, o aluno que sai da PUC tem uma marca que abre portas no mercado de trabalho
Entrevista com
Rodolpho Perazzolo
Entrevista com
Rodolpho Perazzolo
29 de março de 2015 | 03h00
A PUC-SP perdeu alunos nos últimos anos e agora ainda vai fechar turmas. Por quê?
Vamos ter uma questão demográfica: nos próximos dois ou três anos, a procura de jovens na faixa etária de entrar na universidade efetivamente será menor. O segundo ponto é o aumento de vagas em universidades públicas. O terceiro ponto é a racionalização das turmas. Até 2009, a universidade constituía turmas com um número inferior ao ponto de equilíbrio acadêmico e financeiro. Então, o Conselho Universitário estabeleceu o número mínimo de 20 alunos para uma turma. Isso ocasionou um enxugamento. Havia cursos terminando com dois alunos.
Com o fechamento de cursos, a PUC não perde espaço na área de humanidades e na formação de professores, em que tem tradição?
As licenciaturas, fundamentalmente, formam professores. Da parte dos nossos governos, essa carreira é uma das mais desprestigiadas. Caberia também ao governo, em consonância com as universidades públicas e comunitárias, prever essas licenciaturas. Já tivemos projetos nesse sentido em parceria, mas acabaram.
O projeto da PUC em Barueri fracassou?
Não deu certo por algumas questões. As condições geográficas do câmpus não são muito favoráveis ao acesso. E os cursos que a PUC ali propôs não tiveram simpatia da comunidade local.
Em algumas áreas em que tinha quase hegemonia entre particulares de ponta, como Direito e Economia, a PUC sofre agora concorrência de outras instituições. Como avalia isso?
Temos muito mais concorrência. No universo do ensino superior, é interessante que isso aconteça. Cabe a nós, de alguma forma, melhorar para que não haja evasão. O aluno que sai da PUC ainda tem uma marca que abre muitas portas no mercado de trabalho. Pelos índices do Ministério da Educação (MEC), somos a melhor faculdade particular do Estado de São Paulo. Investimos muito em pesquisa.
E como está o projeto de reestruturação financeira?
Saímos da UTI, fomos para o quarto e agora caminhamos pelos corredores. A dívida existe, mas está administrada. Somos auditados anualmente por empresas e pelo Ministério Público. A dívida vai sendo vencida Não só a bancária, mas a com o governo federal. Estamos pleiteando um empréstimo no BNDES para que nossa dívida com bancos comerciais passe a ser uma dívida com o banco público. Também pedimos empréstimo para melhorar a estrutura física. Quando o MEC nos avalia, dá nota 5 (máxima) para os cursos e 2 ou 3 para a estrutura.
RODOLPHO PERAZZOLO É SECRETÁRIO EXECUTIVO DA FUNDAÇÃO SÃO PAULO
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