Rota Solidária combate desperdício de alimentos

Reportagem foi uma das finalistas do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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Por Redação
Atualização:

Marina Lopes Mustafá Francisco*

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Todos os dias, o lixo é o destino de toneladas de alimentos. Isso equivale a perdas de US$ 1 trilhão, valor suficiente para alimentar as 870 milhões de pessoas que passam fome no mundo, pelas estatísticas do Programa da ONU para o Meio Ambiente. Só no Brasil, o montante desperdiçado diariamente chega a 39 mil toneladas, segundo o Instituto Akatu de Consumo Consciente. Cenário que o projeto Rota Solidária, da Associação Prato Cheio (APC), procura ajudar a mudar, levando comida até a mesa de 48 instituições de São Paulo.

A ideia surgiu em maio de 2001, durante a visita de um grupo de universitários ao Mercado Municipal de São Paulo. Instigados com o destino das sobras de alimentos, os amigos decidiram coletar doações. De acordo com a nutricionista e presidente da APC, Dafna Kann, aos poucos eles já recolhiam quase 1 tonelada de alimentos em apenas um sábado. “A partir desse problema, a gente começou a pensar como poderia combater a fome e diminuir a quantidade jogada no lixo”. 

Tendo como base um trajeto sustentável, o Rota Solidária identifica os pontos de desperdícios ao longo da cadeia alimentar, que parte do contato com comerciantes, incluindo a embalagem, transporte e a entrega. Ao todo, são 20 doadores fixos de frutas, verduras e legumes – 48 instituições beneficiadas e 7 rotas de distribuição. Em um dia de trabalho são visitados, em média, dois comerciantes e seis instituições. 

Para reduzir os impactos ambientais do transporte, eles procuram fornecedores próximos das instituições. O trajeto é auxiliado pela Elog Logística. Para a gerente geral da APC, Patrícia Barbieri, essa parceria foi importante tanto para reduzir os gastos com transporte, como para promover práticas sustentáveis de conscientização socioambiental entre os funcionários da empresa. 

O dia das doações é aguardado pela cuidadora de idosos Ester Félix. Fundadora do Lar Ester, ela acredita que esses alimentos melhoraram muito a qualidade das refeições na casa de repouso. “Quando é quarta-feira, a gente já fica contando as horas para eles chegarem”, conta. Ester diz aproveitar ao máximo os alimentos, fazendo com que durem até a semana seguinte. E conta que redobra a atenção na hora de descascar frutas e legumes.

A prática de evitar o desperdício, realizada pela cuidadora de idosos, também é uma das ações promovidas pela Prato Cheio. “Nós fazemos oficinas de culinária para ensinar receitas que utilizam o alimento de forma integral”, explica Patrícia. Segundo ela, cada instituição atendida pela Rota Solidária precisa indicar mensalmente dois funcionários para participar das atividades, que são adaptadas para cada situação. “Se em um mês a gente receber uma grande quantidade de jiló, por exemplo, ensinamos nas oficinas várias receitas com esse ingrediente”. 

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Para a presidente da Prato Cheio, todas essas práticas são importantes para reduzir a insegurança alimentar e promover um uso sustentável dos recursos na plantação, na venda e na compra. “A gente ajuda a diminuir o que seria um futuro lixo, consumindo de forma mais racional o que é plantado.”

*Finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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