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Rio Branco critica alunos em nota, mas admite falha de comunicação

Segundo diretora, estudantes foram suspensos por 'conjunto de ações inadequadas'

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Em nota enviada a pais de alunos na sexta-feira, 28 de setembro, a diretora-geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho, admitiu falha na comunicação sobre a instalação de câmeras de segurança nas salas do 3.º ano do ensino médio na unidade de Higienópolis, região central. Ela reafirmou que os estudantes que protestaram contra os equipamentos não foram suspensos pela manifestação em si, mas por "um conjunto de ações inadequadas".

 

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"Sobre a falta de comunicação reconhecemos que poderíamos ter atuado de forma diferente", escreveu Esther. "Embora tivéssemos, há algum tempo, câmeras em espaços em que já ocorrem aulas como laboratórios e bibliotecas, essa nova etapa demandava um cuidado especial na comunicação."

 

Segundo a diretora, a suspensão por um dia de 107 estudantes ocorreu "pela sucessão de fatos, pela forma da manifestação e pela cábula da aula". Ela disse que, cerca de duas semanas atrás, um grupo de alunos do 3.º ano "começou a manifestar-se sobre temas variados de seu cotidiano na escola". "Essas manifestações", continuou Esther, "apresentaram-se de maneira inadequada".

 

"Em alguns momentos, prejudicaram, inclusive, a integridade do material de uso coletivo."

 

Ainda de acordo com a gestora do Rio Branco, os educadores "acolheram e problematizaram" as manifestações e tentaram mostrar aos estudantes "regras" que regulam "o respeito às pessoas e ao espaço coletivo".

 

"Essas regras foram quebradas pelo grupo em situações consecutivas, com sinalizações constantes por parte de seus educadores, dando sugestões para a escolha de caminhos mais construtivos de exposição de ideias e busca de consensos positivos para o coletivo, uma das bases do comportamento ético", afirmou Esther.

 

"Infelizmente, no dia 24, pela terceira vez, ocorreu manifestação com os alunos, ao final do intervalo, não se dirigindo às salas de aula. O tema, nessa oportunidade, foi a instalação de câmeras de segurança nas salas de aula."

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A diretora classificou a suspensão de 107 estudantes de "ação socioeducativa". E disse que as imagens registradas pelas câmeras são armazenadas "de forma sigilosa, garantindo a privacidade de toda a comunidade escolar".

 

Confira a íntegra do comunicado:

 

"Senhores pais ou responsáveis,

 

É de conhecimento de todos que, nos últimos dias, diferentes matérias, em veículos de comunicação, envolveram o nome do Colégio Rio Branco. Por meio desta missiva, esperamos dar maior visibilidade aos acontecimentos ao longo dos episódios.

 

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Há, aproximadamente, duas semanas, um grupo de alunos do 3º ano do Ensino Médio começou a manifestar-se sobre temas variados de seu cotidiano na escola. Essas manifestações apresentaram-se de maneira inadequada, por parte dos jovens, prejudicando sua rotina de trabalho e a dos demais alunos. Em alguns momentos, prejudicaram, inclusive, a integridade do material de uso coletivo.

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Os educadores foram acolhendo e problematizando essas manifestações. Desse modo, o diálogo tentou sinalizar ao grupo a legitimidade de sua manifestação, um direito dos que convivem em um espaço democrático, mas que, exatamente por isso, envolve regras que auxiliam a regular a relação entre os indivíduos e manter, mesmo diante da discordância no campo das ideias, o respeito às pessoas e ao espaço coletivo. Essas regras foram quebradas pelo grupo em situações consecutivas, com sinalizações constantes por parte de seus educadores, dando sugestões para a escolha de caminhos mais construtivos de exposição de ideias e busca de consensos positivos para o coletivo, uma das bases do comportamento ético.

 

Infelizmente, no dia 24, pela terceira vez, ocorreu manifestação com os alunos, ao final do intervalo, não se dirigindo às salas de aula. O tema, nessa oportunidade, foi a instalação de câmeras de segurança nas salas de aula.

 

Pela sucessão de fatos, pela forma da manifestação e pela cábula da aula, os alunos do grupo foram suspensos das atividades escolares por um dia. Essa ação socioeducativa não se deu pelo fato de manifestarem suas ideias, mas, sim, pelo conjunto de ações inadequadas que vinham ao longo desse período.

 

O assunto foi explorado, pela mídia, como punição dos alunos que se manifestaram diante da falta de informação da escola às famílias sobre a instalação de câmeras de segurança nos diferentes espaços do prédio.

 

Sobre a falta de comunicação reconhecemos que poderíamos ter atuado de forma diferente. Deveríamos, sim, ter feito uma comunicação específica para essa nova fase do projeto institucional que, há quatro anos, vem sendo executado com a implementação de câmeras em diversos espaços internos e externos de nossas instituições. Embora tivéssemos, há algum tempo, câmeras em espaços em que já ocorrem aulas como laboratórios e bibliotecas, essa nova etapa demandava um cuidado especial na comunicação.

 

Embora a discussão do uso de tecnologias, no cotidiano social amplo e educacional, seja um tema desafiador, entendemos que a presença desse tipo de recurso é uma realidade em diversas instituições, inclusive escolares, pelo mundo, e que seu uso objetiva garantir a segurança da comunidade escolar, contribuir para a disciplina nas dependências e zelar pelo patrimônio de todos.

 

É importante ressaltar que as imagens registradas são armazenadas de forma sigilosa, garantindo a privacidade de toda a comunidade escolar.

 

Realizamos conversa em sala de aula com parte dos alunos do terceiro ano e pretendemos concluir esses encontros na próxima semana. Está sendo muito significativa essa oportunidade de nos aprofundarmos sobre os fatos, as ações e os diferentes pontos de vista, ouvindo as expectativas dos alunos e, ao mesmo tempo, manifestando as nossas. Desejamos que esses jovens cidadãos possam concluir esse ciclo de formação, fazendo a diferença na sociedade e marcando a história de nossa instituição de maneira positiva.

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Um espaço importante para reflexão conjunta, entre família e escola, foi criado recentemente, no chamado "Encontro com a Direção". O evento de setembro, ocorrido nessa semana, tratou, especificamente, da questão das câmeras, da comunicação, dos acontecimentos e da sanção aplicada aos alunos sob a ótica do tema "Conflitos, autonomia e papel dos adultos na formação das crianças e jovens".

 

Reiteramos nosso convite para os próximos "Encontros com a Direção" e colocamo-nos à disposição para tratar dessas e outras questões referentes à formação de nossos alunos.

 

Atenciosamente,

 

Esther CarvalhoDiretora Geral"

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