Reserva de vagas desagrada reitores de federais

Pêgos de surpresa com o anúncio, eles advertem para diferenças entre instituições e dizem que expansão de vagas seria melhor

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Por Agencia Estado
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A notícia de que o governo quer uma reserva de 50% das vagas nas universidades federais para egressos da escola pública pegou de surpresa reitores. Na quinta-feira, os 47 dirigentes das instituições haviam se reunido com o ministro da Educação, Tarso Genro, e nenhuma palavra lhes foi dita a respeito do projeto. "50% de reserva de vagas é uma tragédia aqui", disse o reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto. A instituição tem cerca de 300 vagas a cada vestibular e já aprovou um projeto de cotas para negros e estudantes de escolas públicas, mas com porcentual de 10%. Expansão e investimento Vários reitores destacaram que a expansão no número de vagas e o investimento no ensino médio público seriam medidas mais eficazes para a democratização do ensino superior. "É preciso valorizar a escola pública e as próprias universidades podem contribuir com isso qualificando professores", completou a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Wrana Panizzi, presidente da Associação dos Dirigentes das Universidades Federais (Andifes). Na UFRGS, o número de estudantes oriundos do ensino médio público caiu de 50% para 40% nos últimos dez anos. Afrodescendentes e indígenas Segundo a reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Lúcia Gazzola, a cota para afrodescendentes e indígenas também não é a solução mais razoável. Para ela, o aumento das vagas em cursos noturnos já funcionaria como um bom instrumento de inclusão. Na federal de Minas, 59% dos alunos do noturno vêm de escolas públicas e 38% são negros e pardos. No diurno, os números são de 36% e 30%, respectivamente. A Andifes entregou no ano passado um projeto ao MEC pedindo a criação de 25 mil novas vagas em cursos noturnos.

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