A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) demitiu nesta quarta-feira, 17, 50 professores - cerca de 3% do corpo docente. De acordo com a instituição, o ajuste na folha de pagamento permitirá mais investimentos em pesquisa e infraestrutura no próximo ano. Para a Associação de Professores (Apropuc), a medida é reflexo de um corte de custos, o que a reitoria nega.
Os funcionários demitidos foram avisados na manhã de ontem, na véspera das férias letivas da universidade. Muitos souberam da rescisão dos contratos por telegrama. “Pegou a todos de surpresa”, afirmou João Batista Teixeira da Silva, presidente da Apropuc.
“A informação que tínhamos da secretaria executiva da Fundação São Paulo (mantenedora da PUC-SP) é de que não haveria demissões neste ano”, disse Silva. Mesmo alguns coordenadores de curso, reclama ele, não sabiam que perderiam docentes de seus quadros. A Apropuc pretende encaminhar à reitora Anna Cintra nos próximos dias um pedido de reconsideração da medida e esclarecimentos sobre os critérios adotados para as dispensas.
A assessoria de imprensa da PUC-SP informou que auxiliares de ensino, que já trabalham na PUC, serão promovidos a professores a partir do próximo ano. Não detalhou, entretanto, quantos terão a movimentação de carreira nem se outras demissões estão previstas. Ainda de acordo com a assessoria da instituição, metade das demissões foi feita a pedido dos próprios departamentos.
Para Silva, as dispensas estão ligadas às necessidades de reduzir o comprometimento com os salários. A PUC-SP, porém, afirmou que as demissões não têm o objetivo de cortar despesas. Em nota, a instituição também reforçou que sempre será “referência na qualidade de ensino e no compromisso social”.
Com a perda dos colegas, o presidente da Apropuc teme prejuízos à universidade, uma das mais tradicionais do País. “Entre os demitidos, havia professores com bastante tempo de casa, qualificados e atuantes na pós-graduação”, afirmou. “Eles vão deixar orientandos e trabalhos em andamento”, disse Silva. Ainda não existe um balanço sobre as faculdades que perderam mais docentes.
Histórico. Entre 2005 e 2006, a PUC-SP viveu a mais grave crise financeira de sua história. Naquele período, a universidade desligou 30% dos seus professores e funcionários, por demissão voluntária ou a pedido da reitoria. Isso levou à indignação de entidades docentes, greve e batalhas na Justiça do Trabalho. O calendário letivo também foi comprometido por causa do impasse.
A medida foi tomada para reduzir o déficit da instituição, que começou em 2001. Cinco anos depois, as dívidas bancárias da PUC-SP chegaram a R$ 82 milhões e o déficit mensal, à época, era de mais de R$ 4 milhões. Somente no fim de 2006, a universidade voltou a fechar os balanços mensais no azul. Embora superado o pior momento da crise, professores têm reclamado de problemas de gestão nos últimos anos.
Públicas. Neste ano, as três universidades estaduais paulistas também enfrentaram dificuldades orçamentárias. A Universidade de São Paulo (USP), de situação mais crítica, entrou em colapso porque gasta mais de 106% das verbas que recebe do governo estadual com salários de docentes e funcionários.
Como alternativa para frear gastos, as contratações estão suspensas na USP desde fevereiro deste ano. Também estão abertas as inscrições para um programa de demissões voluntárias (PDV), que prevê a aposentadoria antecipada de até 1,7 mil técnico-administrativos da instituição. O programa não se estende a professores.