Reitora propõe tirar PM do câmpus em troca do fim dos piquetes

Manifestantes devem avaliar oferta na sexta; policiais entraram no câmpus no início do mês por ordem judicial

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Por Bruno Lupion
Atualização:

A reitora da Universidade de São Paulo (USP), Sueli Vilela, afirmou nesta quarta-feira, 17, que pedirá a saída da Polícia Militar (PM) do câmpus caso os manifestantes se comprometam a não obstruir os acessos aos prédios da universidade. A proposta foi apresentada durante reunião do Conselho de Reitores (Cruesp) com o Fórum da Seis, que reúne entidades de classe das três universidades estaduais.   "Com essa proposta, reafirmo minha posição em resolver os conflitos colocados e estabelecer a normalidade das atividades institucionais", afirma comunicado assinado por Sueli distribuído para funcionários e professores. Magno de Carvalho, diretor do sindicato dos funcionários da universidade (Sintusp) disse que a proposta será avaliada em uma assembleia nesta sexta-feira, 19. "Nossa posição é sempre defender a negociação, mas discutiremos isso amanhã", afirmou.   Entidades de funcionários, estudantes e professores da USP, Unesp e Unicamp organizam nesta quinta-feira, 18, uma passeata pelo centro da cidade e um ato no Largo Francisco, onde fica a Faculdade de Direito da USP.   Histórico   A presença da PM no câmpus Butantã começou em 1º de junho, quando policias da Força Tática ergueram uma linha defensiva na entrada da Reitoria e enviaram viaturas para diversas faculdades. Os policiais atendiam ordem da juíza Maria Fernanda de Toledo Rodovalho, da 12ª Vara de Fazenda Pública do Estado, emitida em uma ação de reintegração de posse proposta pela universidade.   A Reitoria disse que solicitou a presença da PM para evitar os piquetes forçados e danos ao patrimônio público e garantir que funcionários não grevistas pudessem trabalhar. O Sintusp alegou que os piquetes eram necessários pois funcionários estariam sofrendo assédio moral para que não entrassem em greve.   No dia 9 de julho policiais e grevistas entraram em confronto durante uma manifestação em frente ao portão principal da universidade. A PM chamou o reforço da Força Tática, que chegou atirando bombas de gás lacrimogêneo e sray de pimenta. Alguns estudantes responderam jogando pedaços de tijolos. Três pessoas ficaram feridas e o ex-funcionário Claudionor Brandão, dirigente do Sintusp, acabou preso por incentivo à violência e desacato a autoridade.   Apoio do Conselho Universitário   A Reitoria ressaltou que a decisão de recorrer à PM se baseia em uma resolução aprovada pelo Conselho Universitário (Co), órgão deliberativo máximo da universidade. Segundo a estudante de pós-graduação Ester Rizzi, ex-representante discente no Co, a resolução foi defendida pelo professor João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito, e aprovada no dia 28 de maio de 2008.   Em 22 de agosto de 2007, Rodas já havia chamado a Tropa de Choque para expulsar manifestantes da União Nacional dos Estudantes, do Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto que protestavam dentro da Faculdade de Direito. A postura de Rodas se diferenciou da adotada pela reitora até então, que recomendou a via negociada para retirar os manifestantes.

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