14 de dezembro de 2011 | 10h32
O reitor da USP, João Grandino Rodas, concederá um bônus de R$ 3.500 (em duas parcelas de R$ 1.750) aos professores e funcionários, pela instituição ter avançado "significativamente nos rankings internacionais" este ano. A informação consta do boletim oficial USP Destaques publicado na terça passada, dia 6.
Segundo comunicado da reitoria, "deve ser reconhecido o esforço dos servidores, docentes e técnico-administrativos, nessa conquista, inclusive com a continuidade de suas atividades, sem qualquer espécie de paralisação, ao longo dos últimos meses".
Revista 'The Economist' elogia a USP
Em notas, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Associação dos Docentes (Adusp) criticaram a medida. "Em 2009, ano em que fizemos uma grande greve de 57 dias (...) a USP cresceu em todos os rankings internacionais", afirma texto do Sintusp. "Este ano, a reitoria “pagou” para não haver greve, atendendo parcialmente importantes reivindicações para a nova carreira dos funcionários, e entendemos que isso é uma importante vitória do movimento e da força dos trabalhadores". Na verdade, no ranking QS 2009 a USP caiu: aparecia em 196º em 2008 e sequer ficou entre as 'top 200' no ano seguinte.
Para a Adusp, a gratificação foi distribuída em um momento em que "a figura do reitor" sofre contestação e desgaste. "Será que o trabalho dos cerca de 6 mil docentes e 15 mil funcionários da USP mudou tanto de qualidade, entre 2010 e 2011", indaga o texto, "ou será que a grande diferença se deve à avaliação da Reitoria quanto ao “bom comportamento” de docentes e funcionários que, no corrente ano, não lançaram mão do direito de greve na defesa de suas reivindicações?".
O Prêmio Excelência Acadêmica Institucional já concedeu bônus duas vezes: em 2008, no valor de R$ 1.000, e no ano seguinte, no valor de R$ 1.500. Esta é a primeira vez que o bônus é usado na gestão Rodas, iniciada em janeiro de 2010.
'Greve' sim, mas de alunos
Embora a Adusp e o Sinstusp não tenham declarado greve este ano, o clima não é o mesmo no movimento estudantil. Em várias unidades, assembleias declararam 'greve' de alunos, e professores responderam de acordo. Na Faculdade de Letras, por exemplo, com receio de que alunos boicotassem as aulas, alguns professores substituíram a prova final por um trabalho, e outros anunciaram que os estudantes poderiam entregar as tarefas por e-mail.
Manifestantes fizeram sucessivos piquetes e cadeiraços para impedir o acesso às aulas, com variados graus de sucesso. Em pelo menos um dia, 8 de novembro, não houve nenhuma aula na Letras, graças ao bloqueio dos manifestantes. Um professor foi agredido vinte dias depois. Um vídeo registrou o momento em que alunos, pedindo aula, furaram um dos bloqueios.
Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), a comissão de graduação determinou que os professores não lançassem as notas no Júpiter Web, sistema usado pela universidade. As notas devem ser lançadas apenas "após a reposição das aulas".
Rankings
Em outubro, a USP liderou a primeira edição do QS University Rankings: América Latina. Este ano, a universidade subiu 84 posições no ranking geral da QS, sendo considerada a 169ª melhor do mundo. Para o Webometrics, que avalia a relevância das pesquisas disponíveis online, a USP estava em 43º lugar em julho deste ano, subindo em relação ao 51º lugar que ocupava em janeiro. Já para o Times Higher Education, a USP está em 178º lugar, após dois anos fora da lista das top 200.
Este ano, a revista britânica The Economist elogiou a universidade. 'Quem dera mais instituições da região fossem como a USP', dizia o artigo.
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