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Reforma na universidade inglesa é duramente criticada

Por Agencia Estado
Atualização:

A reforma patrocinada pelo primeiro-ministro Tony Blair nas universidades inglesas foi duramente criticada em artigo publicado no jornal londrino The Times, que classificou o dia de sua aprovação, nesta semana, de "terça-feira negra". Pela nova lei, que começa a vigorar em 2006, os alunos terão de pagar 3.375 libras (o equivalente a US$ 5.500) anuais após a formatura, quando já estiverem no mercado de trabalho. Pela regra atual, universitários pagam, antecipadamente, 1.125 libras (o equivalente a US$ 2.025) por ano. O aumento foi aprovado após um longo debate no Parlamento. Até partidários da Blair criticaram o projeto, alegando que o primeiro-ministro contrariava uma promessa feita nas eleições de 1997, de que não aumentaria as mensalidades. A mudança, segundo o ministro britânico da Educação, Charles Clarke, dará ao governo o equivalente a US$ 1,8 bilhão a mais por ano para investir no setor. Sem autonomia Desde 1988, as universidades cobram as 1.125 libras, valor considerado insuficiente. "Em 88, elas concordaram em abrir mão de sua autonomia em favor de mais estudantes e, supostamente, mais dinheiro. Conseguiram os estudantes, mas não o dinheiro. Venderam suas almas para jantar com o diabo do governo. Agora estão cobertas em seu vômito", afirmou o jornalista Simon Jenkins no artigo no Times. O jornalista criticou a verba extra dada às universidades, de 2 mil libras por aluno: "Concorda-se que se é insuficiente para impedir a queda dos padrões, quanto mais impedir a bancarrota." Mas, segundo ele, as instituições vão ter de implorar por mais financiamento. Para pagar a nova taxa, o estudante vai tomar um empréstimo do governo. E só devolverá a quantia, a juro zero, quando estiver formado e ganhando no mínimo 15 mil libras por ano. "Isso vai custar 500 milhões de libras por ano, a curto prazo", escreveu Jenkins. As parcelas "serão baixas, de cerca de 250 libras por ano". ?Blefe do governo? Para Jenkins, as universidades deveriam ter rejeitado a proposta de tomada de controle feita por Margaret Thatcher em 88 "e trilhado a rota americana". "Deveriam ter cobrado taxas adequadas dos que poderiam pagá-las. Deveriam ter percebido o blefe do governo, de continuar com bolsas de pesquisa e dar bolsas a alunos pobres. Em vez disso, tomaram a rota alemã e francesa de controle estatal e declínio dos padrões. A supremacia agora vai passar continuamente às grandes instituições da América do Norte." Para o jornalista, se o Parlamento não tivesse aprovado a lei, "a necessidade poderia ter levado as principais universidades britânicas a encontrar a coragem de ser independentes", disse. "Uma oportunidade de revolução foi perdida."

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