Redação surpreendeu e prova de Linguagens foi longa, dizem candidatos do Enem

Já as questões de matemática exigiam mais lógica que fórmulas, segundo relatos

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Por Redação
Atualização:

A extensão da prova de Linguagens e Códigos, com 45 questões de múltipla escolha, e o tema da redação surpreenderam parte dos candidatos que participou neste domingo, 4, do segundo dia de provas do Enem. O exame começou às 13h, horário de Brasília, e termina às 18h30. O concurso também trazia 45 testes de matemática.

 

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Segundo os estudantes, algumas perguntas de Linguagens ocupavam quase meia página, o que tornou o exame cansativo. "Eu queria responder de forma direta, mas precisava ler muita coisa antes. As questões poderiam ser mais objetivas", disse Adriana Cichon, de 32, que fez as provas no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba. "Por isso achei as provas de hoje mais difíceis que as de ontem (quando foram aplicadas questões de Ciências Humanas e Ciências da Natureza)."

 

Na opinião de Jade Kruger, de 19, a prova de Linguagens não chegou a ser difícil, apenas cansativa. Por ser sabatista, a paranaense iniciou a prova no sábado após as 19h e hoje ainda sentia o reflexo do cansaço. “Não há como negar que ficar dentro da sala por quatro horas sem poder fazer nada nos deixa mais tensas, por isso hoje encontrei mais facilidade.”

 

O curitibano Almir Cláudio Kamaroski Júnior, de 17, também considerou as perguntas de Linguagens extensas demais. “Fui bem na redação, nas matérias em geral, mas estava muito maçante a quantidade de textos. Acredito que me saí bem, até porque o tema da redação não estava tão fora do que eu imaginava.”

 

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Os estudantes tiveram de escrever uma redação sobre movimento imigratório para o Brasil no século 21. Antes da prova, política e meio ambiente lideravam a bolsa de apostas.

 

No material de apoio à redação, os estudantes encontravam um texto do site da Polícia Federal sobre a imigração ilegal de haitianos. Um mapa mostrava o percurso deles de seu país até o Brasil. Em um quadro anexo havia a informação de que eles entram pelo Acre e depois viajam para grandes cidades, sobretudo São Paulo e Rio. Segundo a notícia da PF, mais de cem haitianos haviam sido encontrados no Estado do Norte - e não eram pessoas pobres, mas trabalhadores qualificados que fugiram por não encontrar emprego em seu país.

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Outro texto, extraído do site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), falava da vinda de bolivianos para o Brasil. Ele levava o título "Rota da costura", mas não mencionava que parte desses imigrantes vem para São Paulo trabalhar em condições similares à escravidão na indústria de confecções.

 

No enunciado da redação, a prova dava informações sobre o processo imigratório nos séculos 19 e 20. Citava a importância dos estrangeiros para a nossa economia naquela época, especialmente após a chegada de trabalhadores qualificados para as plantações de café. Por fim, apresentava o tema da dissertação.

 

Opinião unânime entre os primeiros candidatos a deixar a Uninove da Barra Funda, local de aplicação do Enem na zona oeste de São Paulo: a redação foi difícil e surpreendente. Tão complicada que Nataly Natanie, de 19 anos, por exemplo, desistiu. “Acabei escrevendo quatro linhas. Fiquei cansada”, disse a aluna.

 

“Não sei se consegui me sair bem. Falei sobre os haitianos que estão no Brasil mas ainda não têm visto”, contou Giovana Victório, de 16.

 

Marcus Vinicius Alves, de 19, também achou o tema complicado. “Não esperava algo assim, estava preparado para algo como violência ou política. Fiz um embromation e escrevi 20 linhas”, disse o estudante, que fez as provas na UniPaulistana, na Vila Mariana, zona sul. Ele pretende utilizar a nota do Enem para conseguir uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) e estudar Economia numa faculdade particular.

 

Matemática

 

Segundo o vestibulando de Administração Marcos Paulo Alcazar, de 17, a prova de matemática exigia mais lógica. “A cada cinco questões, apenas uma exigia fórmulas”, disse o aluno após deixar a UniPaulistana.

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A prova também tinha poucos gráficos, de acordo com relatos de alunos que prestaram o Enem na Uninove. "Mesmo assim havia questões que você só resolvia se soubesse a fórmula", afirmou Débora Contrim, de 18.

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