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Redação: o eterno bicho-papão do vestibular

Os conselhos para fazer uma boa redação parecem fáceis. Mas, diante da pressão da prova, muitos candidatos acabam não se saindo bem. Por isso, segundo os professores, o melhor é usar um vocabulário simples, sem clichês, ler e praticar bastante. E ainda ficar de olho na ortografia e na pontuação

Por Agencia Estado
Atualização:

A fórmula parece bem simples: leia com atenção o tema proposto, apresente argumentos convincentes, não use vocabulário rebuscado, evite clichês e preocupe-se com ortografia e pontuação. Seguindo essas dicas, é possível fazer uma redação nota 10 nos principais vestibulares do País, garantem os professores. Mas se a receita é mesmo tão fácil, por que eles passam anos tentando fazer seus alunos escreverem melhor e, ainda assim, a redação continua a ser o bicho-papão do vestibular? "A redação ainda é vista com medo pelos estudantes porque, no ato da escrita, o indivíduo se desnuda", acredita o coordenador de Língua Portuguesa do cursinho CPV, Carlos Rogério Duarte Barreiros. "E, no vestibular, escrever se torna ainda mais complicado porque o aluno está sob pressão e precisa seguir o tema e o tempo estipulados." Para tentar tornar a redação um pouco menos traumática, há algumas dicas. "A finalidade da redação é saber se o aluno consegue se comunicar em língua portuguesa escrita", diz Barreiros. "Então, o estudante deve escrever um texto com ponto de vista próprio, apresentar suas críticas e fazer propostas. Além de tentar mostrar que conhece a realidade em que vive." Mário Cantoni Callari, professor de redação do Intergraus, garante que, para ter uma nota boa, não se pode fugir do tema nem do estilo pedido. "Normalmente os vestibulares querem uma dissertação e, nesse tipo de texto, a conclusão é imprescindível", afirma. "Ter argumentos de qualidade e convincentes também garante muitos pontos. Não adianta fazer um texto com a gramática perfeita se ele for vazio, sem idéias." Além da atenção à sintaxe, ortografia, acentuação e pontuação, é preciso evitar clichês. "Escrever frases feitas como ´as crianças são o futuro do País´ faz o candidato perder pontos", diz Barreiros, que lembra ainda a importância de não cair em contradição. Texto sem rebuscamento nem repetição de palavras Já a coordenadora de Português do Etapa, Célia Passoni, afirma que, quando os vestibulares, como a Fuvest, fazem a correção de uma redação, o todo é mais importante do que os detalhes. "Ter um bom título e uma boa evolução do tema contam muito", diz. "No vestibular, a redação tem de ser clara, ter simplicidade e apresentar um vocabulário preciso, sem rebuscamento nem excessos. Não adianta encher a redação de palavras complicadas porque eles não querem um texto complexo. É mais importante evitar a repetição de palavras." E ainda dá tempo de se preparar nesses meses que antecedem os principais vestibulares. "Redação é treino e a gente só aprende a escrever escrevendo", diz Callari. "O estudante não pode ter preguiça de reescrever seus textos nem de começar novas redações." Célia afirma, ainda, que é fundamental que o aluno se habitue a ler e, nessa leitura, preste atenção no vocabulário, no estilo e reflita sobre as propostas apresentadas. "Lendo ele aprende a organizar suas idéias e a colocá-las no papel. A falta de organização é o que prejudica o vestibulando, e isso ocorre por falta de leitura e de reflexão." Na hora da prova, lembra Barreiros, a dica é respirar fundo e ler atentamente a proposta. "Ao receber um tema, o vestibulando não deve se afobar. Depois dos primeiros dez minutos, a tensão diminui e fica mais fácil entender o que está sendo pedido", diz. "A partir daí, ele deve refletir sobre o tema, buscar as informações acumuladas e organizar o que vai colocar no papel. Ao contrário das outras matérias, não há um programa para se estudar em redação, e é por isso que ela sempre acaba sendo uma caixinha de surpresas no vestibular."

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