‘Quem libera verba (do Fies) é o governo. Papel da escola é aceitar aluno’, diz diretor de entidade

Entidades não contestam adoção de limites, mas há quem critique uso do Enem; na Justiça, trava de 6,4% foi derrubada

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Por Dayanne Sousa , Luiz Fernando Toledo e Victor Vieira
Atualização:

A responsabilidade pelas matrículas do Fies nunca foi das faculdades, mas do governo. Essa foi a principal contestação do setor de ensino privado à fala da presidente Dilma Rousseff de que o controle do programa ficou a cargo das escolas. 

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“Quem libera o recurso é o governo. O papel da escola é aceitar o aluno pelo Fies e montar um curso de qualidade. O resto é do trâmite entre aluno e governo”, afirmou Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). 

O Estado procurou o ex-ministro do governo Lula Walfrido Mares Guia, também sócio do Grupo Kroton-Anhanguera, um dos maiores do setor. Ele preferiu não comentar as declarações da presidente. 

Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) Foto: Abmes/Divulgação

Amigo pessoal de Dilma, Mares Guia se reuniu com a presidente no fim de janeiro e teria a aconselhado a recuar sobre o primeiro teto de 4,5% no reajuste de mensalidades e sobre a restrição do número de repasses do governo às escolas. 

Carlos Lazar, diretor de relações com os investidores da Kroton-Anhanguera, afirma que não houve erro do setor de ensino privado. “As empresas apenas seguiram as regras definidas pelo próprio governo.” 

Para ele, Dilma reconheceu ontem a necessidade de um critério mínimo para a participação do aluno: a nota de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “É uma questão meritocrática, que oferece mais oportunidades aos melhores alunos”, defende. Outras entidades, como a Abmes, são contra a nota mínima e dizem que a medida prejudica os estudantes mais pobres. 

Procurado, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que não iria comentar as declarações. Ele era ministro da Educação em 2010, quando o Fies foi reformulado e ampliado.

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Trava. Após decisão judicial favorável às empresas, entidades representativas do ensino privado disseram que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do MEC responsável pelo programa, comunicou a retirada da trava que limitava reajustes de mensalidades no Fies em 6,4%.

Essa medida vinha atrasando a renovação de contratos dos alunos veteranos no sistema do Fies. Procurado, o FNDE disse apenas que “o MEC e FNDE vão tomar as medidas cabíveis para preservar a integridade das regras do Fies, até recorrendo”.

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