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Quando vale fazer uma dupla titulação?

Cursar pós-graduações seguidas economiza tempo, mas profissional deve avaliar se ambas são mesmo necessárias para sua carreira

Por Gustavo Zucchi
Atualização:
Nova rota. Thiago Trindade entrou na pós em Finanças, mas mudou de emprego. Acabou emendando outra sobre gestão de pessoas Foto: Patrícia Cruz / Estadão

Um dos pontos complicados de se conciliar ao se decidir fazer uma pós-graduação é o tempo. Voltar ao estudos é algo que consome períodos preciosos que poderiam ser usados não apenas para se trabalhar, mas também para se ter o merecido descanso. É com a promessa de poupar tempo que a dupla titulação surge como boa opção para quem quer, ou precisa ter, uma ampliação de conhecimentos profissionais de modo mais rápido e muitas vezes até mesmo mais barato do que o convencional.

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A dupla titulação consiste em fazer duas pós-graduações de forma consecutiva, em que a segunda vai aproveitar créditos da primeira. Assim é possível, por exemplo, fazer uma especialização em administração e gestão de pessoas em um prazo pouco maior do que as duas pós-graduações somadas. Essa modalidade tem sido oferecida por algumas faculdades brasileiras, que constroem seus currículos de modo a ser possível “matar dois coelhos com uma cajadada só”, como diria o velho ditado.

++ Como saber que curso é melhor para seu futuro

“Muitas vezes as instituições oferecem até vantagens financeiras para quem opta pela dupla titulação, dando um desconto”, conta o coordenador de pós-graduação lato sensu do Insper, Guy Cliquet. “O curso tem de ser projetado pela instituição, de modo que seja possível você ganhar esses créditos, que a escola reconheça essa possibilidade.”

Essa foi a opção de Thiago Zampa de Campos Trindade, de 27 anos. Formado em Engenharia, ele ganhou de seu antigo emprego uma pós-graduação em Finanças no Insper. Após mudar de trabalho no meio do curso, ele se viu diante de um desafio: gerir pessoas. Assim pôde usar as disciplinas que teve na sua primeira especialização para fazer a segunda em um tempo reduzido.

“Puxado sempre é. Se fosse moleza não era o que eu estava buscando”, diz Trindade. “A gente acaba perdendo algumas horas no fim de semana, algumas happy hours, mas vale a pena, até pela minha idade. Sou novo e tenho de investir em autoconhecimento.”

Motivado pelos gestores, Trindade recomenda que quem estiver interessado em uma dupla titulação faça um exercício pensando onde se vê no futuro para avaliar se é necessário duas pós-graduações. “O importante é entender o momento da carreira e aliar isso a planejamento de curto e médio prazo”, recomenda. 

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++ ‘Curso deve ser coerente com a carreira’

Fique de olho. Conselho parecido dá Cliquet, do Insper, dizendo que os interessados devem avaliar se realmente a dupla titulação é necessária antes de iniciar o primeiro curso. “Tem de olhar para frente e identificar quais são seus ‘gaps’ de formação. Isso antes de começar. Depois de um ano e meio, quando estiver terminando o primeiro curso, você pode reavaliar. Pode ver o que está fazendo, se vale a pena fazer a segunda que você tinha projetado anteriormente”, recomenda Cliquet. “Mas você tem de pensar em uma escolha possível lá atrás. Não adianta você escolher qualquer programa para depois pensar em uma dupla titulação.”

Outra recomendação importante é não “fazer por fazer”. A ideia é que os cursos tenham relevância para sua formação profissional e não apenas para se obter um diploma. “Considerando que você tem a necessidade dos dois programas, você estará economizando tempo. Ao invés de gastar mais tempo, você estará gastando menos. Agora, se não precisa de um deles não há porque pensar dessa forma”, afirma Cliquet.

Como a dupla titulação é pouco divulgada por muitas instituições, para quem está interessado nessa possibilidade é importante fazer uma pesquisa e aparar as arestas para somente depois tomar esse caminho. Créditos, tempo de curso e até mesmo o preço são perguntas que devem ser feitas para as instituições. “As escolas costumam informar de maneira limitada isso. Para descobrir, nada melhor que questionar explicitamente, para saber se asseguram a disponibilidade lá na frente”, orienta o coordenador do Insper. 

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