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Quando é hora de procurar um MBA?

O que determina isso é o tempo de experiência profissional. Em algumas instituições, esse aspecto é pré-requisito para fazer um MBA

Por Leonor Macedo
Atualização:
Thaise Freitas, administradora Foto: Arquivo pessoal

As universidades e as escolas são unânimes: para fazer um MBA é preciso ter experiência profissional. Isso porque as aulas são enriquecidas pela troca de conhecimento adquirido pelos alunos enquanto atuam no mercado de trabalho. “O curso vai ajudar a sistematizar aquilo que o profissional já conhece”, explica Roberto Sbragia, coordenador da Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade privada ligada à Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).

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Para entrar em um MBA, algumas instituições exigem que o candidato passe por uma seleção. E o tempo que ele tem no mercado é determinante para que seja aprovado. “A FGV (Fundação Getulio Vargas) não aceita alunos com menos de três, quatro ou cinco anos de experiência, mas é preciso que essa experiência seja relevante”, afirma Paulo Lemos, diretor da FGV Management de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

“Acredito que o melhor momento para entrar em um MBA é após cinco anos da graduação”, sugere Mônica Sabino Hasner, coordenadora de pós-graduação da Business School São Paulo. “As discussões em sala de aula são mais ricas quando o grupo lê o material indicado pelos professores antes da aula e reflete sobre as próprias experiências profissionais, aprendizados, dúvidas e inquietações.”

É por isso que a faixa etária entre os alunos de MBA é mais alta do que de outras especializações lato sensu. “Nossos alunos têm por volta dos 30 anos ou mais, mas há, sim, jovens com muito potencial”, conta Sbragia, da FIA.

Roberto Sbragia, coordenador da FIA, entidade privada ligada à FEA da USP Foto: Divulgação

Quem foi reprovado nessa seleção da FGV por falta de experiência foi o estudante Murillo Orlandi, de 26 anos. Quando ele tinha 23, tentou entrar no MBA em Marketing da universidade, mas, mesmo sendo aluno da FGV na graduação em Administração de Empresas, não foi aceito. “Tive de insistir três vezes, por e-mail e pessoalmente, para convencer a coordenação de que eu me daria bem no curso.”

Desde os 18, Orlandi trabalhava na empresa da família que atende todo o Brasil, mas não é uma multinacional. “Tinha experiência, mas não era a que eles exigiam”, relembra. “Quando fui aceito pela FGV no MBA, o coordenador disse: ‘Te jogarei no meio dos tubarões’. E foi para lá que eu fui.”

No meio dos “tubarões” – colegas de classe já muito bem posicionados em empresas grandes –, ele se sentiu desconfortável às vezes, mas não se intimidou. “Pude absorver muito do conhecimento da turma. É preciso estar aberto a ouvir e valorizar o curso.”

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Retorno rápido. Ainda que não seja o mais usual encontrado em sala de aula, Orlandi conseguiu terminar o MBA e, em menos de dois anos na Privalia, empresa espanhola, assumiu o cargo de gestor. “Um bom MBA começa a dar resultados a curto prazo, em no máximo quatro ou cinco anos”, conta Lemos, diretor da FGV Management. “Para mim, não foi um gasto, foi um investimento”, diz Orlandi.

Embora o retorno seja rápido, o que motiva os alunos a cursarem o MBA é que ele pode alavancar a carreira de um profissional por muito tempo. “O curso é desenhado para dar apoio à trajetória de um gestor por 20 anos. Uma pós-graduação comum em Marketing, por exemplo, só impulsiona a carreira em média por cinco anos”, ressalta Cláudia Gonçalves, consultora de carreira e MBA.

Ainda que seja preciso um certo amadurecimento profissional para ingressar em um MBA, o que determina quando buscar o curso são as chances que se desenham adiante no mercado de trabalho. “Esse ingresso no MBA deve preceder o momento em que o profissional sente que deve se preparar para novas oportunidades”, afirma Milton Carlucci, coordenador dos cursos de especialização da Escola de Gestão e Negócios do Complexo Educacional FMU.

Foi assim com a administradora de empresas Thaís de Freitas, de 33 anos, aluna do MBA de Gestão Estratégica de Negócios do Complexo Educional FMU. “Minha escolha ocorreu quando vi que estava crescendo na carreira, mas sem o preparo adequado para assumir as responsabilidades que o cargo exigia.” Antes, Thaís frequentou alguns cursos de curta duração na mesma universidade. “Sempre quis fazer um MBA, mas optei por formações mais simples antes. Gostei da estrutura e resolvi partir para o MBA.”

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Mudança de rota. O MBA é um curso voltado para quem quer liderar empresas e conquistar cargos de gerência, então a sala de aula costuma ser bem heterogênea, com profissionais de várias formações. “Um dentista, um psicólogo e um professor, por exemplo, conseguem ser bons gestores”, conta Sbragia, da FIA.

É o caso da farmacêutica industrial Daniela Pereira, de 37 anos, aluna do MBA em Corporate Strategy da Business School São Paulo. 

Ela decidiu buscar aprimoramento para tentar conquistar posições estratégicas na companhia onde trabalha, a Novartis Biociências S.A. “Sou responsável pelo gerenciamento de estudos clínicos da área de Oncologia. Mas, com o desenvolvimento de habilidades em Gestão de Negócios e Planejamento Estratégico, estarei mais bem preparada para assumir novas oportunidades.”

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De acordo com Carlucci, do Complexo Educacional FMU, ingressar em um MBA pode ser uma excelente alternativa tanto para quem deseja se aprofundar ainda mais em sua área de atuação quanto para os profissionais que desejam abrir seus horizontes profissionais. 

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Já Márcia Pedroza, assessora da pró-reitoria de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem ressalvas quanto a usar um curso de MBA para trocar de carreira. “Depende da situação e do planejamento do aluno. Uma especialização é procurada sim por quem deseja expandir seus horizontes profissionais e evoluir em áreas afins, mas não mudar completamente de área de atuação.” 

Para a especialista, o MBA é válido, por exemplo, para um economista que quer aprender técnicas de Administração, mas não para um psicólogo que descobre a vocação para ser administrador. “Com essa formação, que é uma modalidade de pós-graduação, ele não terá o conhecimento necessário para começar a atuar na nova carreira.” Nesse caso, o mais recomendado seria uma nova graduação.