PUC-SP cancela cursos tecnológicos

Por falta de candidatos, instituição não poderá oferecer 7 das 10 carreiras que pretendia lançar neste semestre

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) cancelou por falta de candidatos aprovados sete dos dez cursos tecnológicos que pretendia começar neste semestre - uma tentativa da instituição de atrair mais alunos e aumentar a receita após a crise financeira que levou à demissão de cerca de 30% do quadro de professores e funcionários no fim do ano passado. Das 1.050 vagas disponíveis no último vestibular do meio de ano, apenas 295 foram preenchidas. Os outros três cursos tecnológicos restantes - Gestão de Marketing, Comércio Exterior e Design de Games - também não completaram as turmas de 40 vagas, mas a instituição analisou que eles ainda podem atrair mais alunos. Eles têm garantido, até agora, 13, 15 e 24 estudantes inscritos, respectivamente. Na análise da universidade, a baixa procura foi devido ao pouco tempo de divulgação dos novos cursos, das próprias áreas que eles abrangiam, a maioria novos e que ainda não existem no mercado, e também pelas notícias da crise, que podem ter assustado alguns candidatos. No entanto, para as graduações tradicionais que foram abertas vagas, como Relações Internacionais e Ciências Econômicas, a procura continuou a mesma e as turmas foram formadas. ?A gente nunca tinha feito isso, entrado na área dos cursos tecnológicos. Muita gente não conhecia, não ficou sabendo. Claro que a crise pode ter influenciado, mas acreditamos que o problema foi oferecer vagas para cursos que não têm demanda?, afirma Ana Vilacchi, coordenadora-geral do vestibular da PUC-SP, que inclui provas para as faculdades Santa Marcelina e Rio Branco. Ela explica que os candidatos aprovados nos cursos cancelados estão sendo avisados do problema por telefone. ?Agora, vamos fazer uma nova divulgação porque esses cursos vão entrar novamente no vestibular do fim do ano?, diz. Os cursos tecnológicos que foram cancelados, mas seriam oferecidos pela primeira vez na PUC-SP, são Radiologia Médica, Agronegócios, Gestão de Pequenos e Médios Negócios, Gestão em Segurança Pública e Direitos Humanos, Gestão Digital em Hipermídia, Controladoria, Energia. Dívida O cancelamento dos cursos não ajuda em nada a situação financeira da universidade, que em outubro começará a pagar o empréstimo bancário que fez no segundo semestre do ano passado. Atualmente, a dívida está em torno de R$ 107 milhões e o déficit mensal acumulado, que já foi de R$ 4 milhões, agora é de cerca de R$ 2 milhões. A crise também motivou uma intervenção da Fundação São Paulo, mantenedora da universidade, o que provocou protestos de professores, funcionários e alunos, que temiam pela perda da autonomia da reitoria. Atualmente dois padres nomeados por d. Cláudio Hummes, arcebispo metropolitano e grão-chanceler da PUC, dividem com a reitora Maura Véras a presidência da fundação. Além disso, o próprio d. Cláudio assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público se comprometendo a zerar o déficit mensal e a colocar em ordem as finanças da universidade até o fim do ano. Entre as medidas que podem ser adotadas pela instituição estão uma nova redução no salário dos professores - as novas contratações já são feitas seguindo valores de mercado, abaixo dos que a instituição costumava pagar -, corte de gastos administrativos, aumento de vagas em cursos com demanda reprimida e diminuição no número das bolsas até o limite exigido pela lei. Segundo auditoria do Ministério Público, a crise chegou a esse ponto devido a má gestão nas últimas décadas.

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