PT tem só duas grandes ações concretas na educação

Muitas propostas não saem do papel e especialistas já mostram frustração. MEC só produz resultados maiores na alfabetização e na mudança do Provão

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Por Agencia Estado
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A educação pouco avançou em um ano e três meses de governo do PT. Dos principais temas do programa do partido para o setor, apenas dois saíram do papel até agora: a alfabetização de jovens e adultos e o novo sistema de avaliação do ensino superior - por coincidência, duas áreas que receberam tratamento prioritário no governo Fernando Henrique Cardoso. Em sua curta passagem pelo MEC, o petista Cristovam Buarque conseguiu deixar um programa que ajudou a financiar em 2003 a alfabetização de 1.962.996 jovens e adultos do País, por meio de parcerias com governos estaduais e municipais, ONGs e universidades. A mobilização feita pelo MEC acabou levando a iniciativas de outras entidades, que estão alfabetizando mais 1,7 milhão de pessoas com recursos próprios. É dessa soma que vem o número de 3,1 milhões de pessoas atendidas, divulgado no balanço do programa Brasil Alfabetizado. Alfabetização Solidária ?Cristovam lançou as bases de um novo projeto educacional. A alfabetização é a base da cidadania?, disse seu sucessor, Tarso Genro. Segundo ele, muitos acadêmicos não reconhecem esse mérito do MEC porque ?só pensam neles mesmos?. No governo Fernando Henrique, a média anual de alunos atendidos era de 1 milhão. A parceria de maior efeito foi feita com a ONG Alfabetização Solidária, em que o governo federal bancava R$ 17,00 do custo por aluno. A outra metade ficava por conta da ONG. ?Nada parou no governo Lula?, diz a superintendente do Alfabetização Solidária, Regina Esteves. A ONG alfabetizou 360 mil pessoas em 2003 com ajuda financeira do MEC, que agora é repassada para pagamento de professores e capacitação de alfabetizadores. Segundo ela, o governo PT criou uma outra concepção da erradicação do analfabetismo, dando muita importância à continuidade dos estudos pelos recém-alfabetizados, o que faltou ao governo FHC. Na semana passada, Tarso remanejou verbas de outros programas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ensino Superior Outra medida que está saindo do papel são as mudanças no sistema de avaliação do ensino superior, começam a aparecer só este ano. O novo Provão chama-se agora Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes (Enade) e será realizado em novembro. A prova será aplicada por amostragem, no primeiro e no último ano da graduação. O novo sistema levará em consideração também a responsabilidade social da instituição. A primeira proposta foi elaborada pela equipe de Cristovam, depois de um ano inteiro de discussões, em forma de medida provisória. Depois que assumiu, Tarso mudou alguns pontos. O projeto já foi aprovado pelo Congresso e aguarda apenas a sanção presidencial. Frustração Entre mais de uma dezena de especialistas ouvidos sobre a atuação do governo do PT na educação, a maioria usa palavras como ?desmontagem?, ?confusão? e ?decepção?. A frustração é reforçada pela conhecida trajetória vitoriosa do partido em prefeituras e governos estaduais quando se fala em educação. ?O MEC não está usando seu poder para focalizar o problema n.º 1 da educação no Brasil: qualidade?, diz o ex-assessor chefe para a Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento Cláudio de Moura e Castro. Para alguns especialistas, o problema é a falta de uma linha mestra de ação. ?Ainda estamos esperando um projeto mais claro, que aponte as diretrizes e as políticas educacionais do governo?, diz a coordenadora da ONG Ação Educativa, Camila Croso. ?No primeiro ano, surgiram muitas idéias, propostas, mas não conseguíamos perceber o que costurava esse conjunto de coisas.? leia também Teoria e prática em educação na gestão do PT

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