Prova da Unesp foi mais exigente que a do ano passado, dizem cursinhos

Para Objetivo e Etapa, último dia de exame teve grau de complexidade elevado, cobrando conhecimento e atenção

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Por Felipe Mortara
Atualização:

O último dia de provas do vestibular de meio de ano da Unesp, realizado nesta segunda-feira, foi considerado mais complicado para os candidatos do que no ano passado. Tanto em português e redação como em inglês, os professores dos cursinhos Objetivo e Etapa apontam que o exame teve um grau de exigência mais elevado que em anos anteriores. 

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Elisabeth de Melo, professora de português do Objetivo, aponta que todas as oito questões foram de interpretação de texto. “Vimos uma prova bastante complexa para o aluno, com textos difíceis. Havia um poema do Mario Faustino que mistura personagens bíblicos e mitológicos e demandava que se conhecesse bastante história”, diz. “Achei mais difícil que a do ano passado.”

Para o professor de Português do Etapa Heric José Palos, a prova de segunda fase da Unesp foi bem elaborada. “O que mais chamou a atenção é que foi uma prova que a Vunesp faz com primor grande, ao misturar textos clássicos com atuais, como matérias de jornal”, acredita.

Segundo Palos, se comparado com 2010, o exame foi bem mais exigente. “A prova estava mais ‘salgada’ que a última. Não estava longa, só que demandava bastante atenção, concentração e conhecimento. Eles fazem questões que são aparentemente banais, mas conseguem avaliar conhecimento”, diz.

Tema pertinente. O tema da redação – a sobrevivência do livro impresso na era digital – agradou a professora Maria Aparecida Custódio, do Objetivo. “O assunto foi providencial e pertinente. A Unesp quis contrapor o livro impresso e o digital. Ela quis testar qual irá sobreviver”, afirma. “Foi uma prova sempre justa, muito bem feita e que não deixou o candidato sem embasamento, pois tinha bons textos de apoio.”

O tema da redação, a perspectiva sobre o futuro do livro e a persistência do livro impresso com as novas tecnologias, não entusiasmou Palos. “Nada surpreendente. Não é tema banal, mas é batido e não deve ter oferecido grande obstáculo por sua atualidade.”

De acordo com Maria Aparecida, o candidato deveria selecionar entre três caminhos o que achasse melhor. Defender a perpetuação do livre impresso, justificando seu caráter definitivo, o aspecto romântico, nostálgico, do cheiro, do papel impresso. Um segundo caminho, segundo ela, seria defender o desaparecimento do livro, pois a tecnologia se sobreporia com a capacidade de armazenamento de muitos textos em um único aparelho. E o terceiro caminho seria a coexistência da tecnologia digital e do livro impresso. O candidato poderia até se lembrar de exemplos como o rádio e a TV, que convivem bem juntos, mas foram apontados como inimigos quando surgiram as primeiras transmissões televisivas.

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Bob Marley. Em inglês, a professora Regina de Azevedo diz que a interpretação de texto foi o maior problema. “Exigia conhecimento médio para superior. Mas acho que grande dificuldade da prova foi lado interpretativo”, conta. “A tradução é o primeiro momento, mas ela quer avaliar o que o candidato entendeu do que ele leu”, resume.

Assim como Regina, o coordenador do curso de Inglês do Etapa, Alahkim Barros Filho, também classificou o exame como "criterioso". O tema, inusitado, foi a obra do cantor e compositor Bob Marley. “Primeiramente um texto sobre vida e legado, sua importância não só para a musica, mas a relevância que teve e ainda tem em diversos países da África, não só na Jamaica. Se você somar os dois textos foi uma prova bastante exigente. Cobrava do aluno um bom vocabulário.”

O exame, segundo ele, pedia para o aluno traduzir três pedaços do texto, que não eram muito fáceis. O segundo texto era a letra da canção One Love. “Quando você tem que interpretar uma letra de música ou poesia é exigido um bom jogo de cintura, apesar de ser uma letra bem popular. O aluno do ensino médio, mesmo o que estuda, pode ter tido problemas”, diz Alahkim. 

Para o coordenador, se comparado com ano passado, essa prova foi mais exigente pelo vocabulário pedido no primeiro texto e também pelo tipo de pergunta que formularam. “O aluno tinha que fazer leitura muito atenta para chegar às respostas que a Unesp queria”, conclui.

Atualizado às 19h03

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