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Protesto de estudantes termina em confronto com a PM

Estudantes bloqueavam a avenida 9 de Julho, na região central da capital, contra a reorganização escolar da gestão Alckmin (PSDB)

Por Isabela Palhares e Paulo Saldaña
Atualização:

Atualizada às 0h04

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A Polícia Militar dispersou com bombas de efeito moral e spray de pimenta uma manifestação de estudantes contrários ao fechamento de escolas e à reorganização da rede estadual de São Paulo que ocorria na noite desta terça-feira, 1º, na Avenida 9 de Julho, região central da capital. A Tropa de Choque avançou em direção ao protesto e pelo menos quatro pessoas, entre eles dois menores, foram detidas. Outras três relataram ferimentos leves.

A manifestação começou por volta das 18h, quando os estudantes interditaram a via, próximo à Ponte Júlio de Mesquita, com carteiras de escola, a exemplo do que já haviam feito em outras três oportunidades nesta semana, em pontos como o cruzamento das Avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima, alem da Marginal do Tietê e da Avenida João Dias, na zona sul. Os alunos também ocupam 191 escolas contra a medida do governo paulista.

Antes da chegada da Tropa de Choque, uma viatura descaracterizada da Polícia Civil teria tentado passar pela manifestação e houve registro de confusão. Estudantes disseram que um policial sacou uma arma diante do protesto. 

Na sequência, policiais militares conversaram com estudantes na tentativa de esvaziar a pista. “Dissemos que sairíamos, mas não naquela hora. Eles não quiseram mais conversa e começaram as bombas", disse a estudante Cristiane Félix, de 19 anos. Pelo menos 14 bombas de efeito moral foram arremessadas, segundo relatos de testemunhas.

Uma aluna, que pediu para não ser identificada, disse que houve uma tentativa de negociação para que liberassem o trânsito na avenida, mas, logo em seguida, os policiais passaram a agredir os jovens. “Estava tranquilo, a gente negociava. Do nada, chegou a Tropa de Choque e começou a nos agredir e a jogar bombas”, disse. 

Após o avanço da tropa, que usava escudos, a manifestação se dispersou. Os quatro detidos foram levados para registro da ocorrência no 78º Distrito Policial, Jardins. No mesmo distrito foi registrado a ocorrência do carro da polícia civil. Até as 23h45 desta terça, eles permaneciam na delegacia. Segundo relatos de cerca de 15 alunos presentes no DP, dois dos detidos seriam estudantes da Escola Estadual Fernão Dias, uma das primeiras a serem ocupadas no início de novembro. Os outros dois detidos não seriam alunos e estariam filmando o ato.

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Confusão. Pela manhã, conforme os alunos, o diretor da escola Maria José, pais e outros funcionários da Secretaria da Educação foram ao local para pedir que as atividades fossem retomadas. Diante da negativa, às 8 horas um grupo entrou e discutiu com os alunos.

A polícia foi acionada e usou spray de pimenta contra os estudantes, empurrou dois adolescentes e deteve um. Vídeo gravado pelos estudantes mostra a ação. “Os pais estavam exaltados e a polícia só veio para fazer ainda mais confusão. Nossa única defesa foi fazer uma barricada com cadeiras e mesas”, disse Elaine Nunes, de 15 anos, aluna do 9.º ano. Os estudantes reforçaram a segurança por medo de nova invasão da polícia. O diretor da escola, Vladmir Fragnan, disse que os alunos se negam a conversar com a direção e ressalta que também foi agredido pelos estudantes. 

Osasco. Já a Escola Estadual Coronel Antônio Paiva de Sampaio, em Osasco, na Grande São Paulo, foi alvo de depredação, teve aparelhos eletrônicos furtados e documentos destruídos na noite de segunda. Também houve um princípio de incêndio na biblioteca. A unidade estava ocupada desde o dia 16 de novembro. A autoria do ataque ainda é investigada.

A Polícia Militar foi chamada ao local por volta das 18 horas, após vizinhos ouvirem barulho de quebra-quebra na unidade.

Segundo informações da Secretaria da Educação, os criminosos invadiram o laboratório do colégio e roubaram computadores e tablets. De acordo com o ouvidor da Polícia, Julio Cesar Fernandes, PMs jogaram bombas nos estudantes. Ele pediu investigação da ação e a PM negou uso de “muniçao química”.

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