Protesto de alunos da USP para a Avenida Paulista

Avenida chegou a ser totalmente bloqueada; PM acompanhou manifestação, mas não houve confronto

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Por Bruno Ribeiro
Atualização:

SÃO PAULO - Um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo (USP) bloqueou a Avenida Paulista na tarde desta quinta-feira, 24, durante protesto contra o que eles  chamaram de “falta de democracia da universidade”. A manifestação, pacífica, durou duas horas e interditou, alternadamente, os dois sentidos da via. Não houve confronto com a Polícia Militar.

 

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Representantes do grupo estimam em 3 mil o número de participantes. A PM fala em 800 pessoas. Os alunos saíram às 16h da Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, e seguiram em passeata até a Praça do Ciclista, nas proximidades da Rua da Consolação. Lá, fizeram o retorno e caminharam até o vão livre do Masp. Na frente do museu, os estudantes fecharam totalmente a avenida, bloqueio que durou cerca de 10 minutos.

 

Policiais militares disseram que, durante a interdição, um dos carros que ficou preso no trânsito avançou sobre a multidão, atropelando uma pessoa. Até as 20h, entretanto, a sala de imprensa da Polícia Militar não tinha detalhes sobre o incidente.

 

 

Aula pública

 

Depois de desocupar a Avenida Paulista, os estudantes promoveram uma “aula pública” no vão livre do Masp para apresentar a pauta de reivindicações do movimento. Segundo o diretor do Diretório Central Estudantil (DCE-USP) João Victor Pavesi de Oliveira, de 25 anos, a manifestação estava marcada havia uma semana e foi decidida em assembleia.

 

De acordo com Oliveira, haverá um novo protesto fora do câmpus da USP na terça-feira, às 14h, na Assembleia Legislativa do Estado, na região do Ibirapuera. Na ocasião, o reitor da universidade, João Grandino Rodas, deve falar à comissão de educação do Legislativo.

 

O grupo reivindica a extinção do convênio com a PM, a saída do reitor e a promoção de eleições diretas, com a participação dos alunos, para a escolha do novo dirigente do câmpus. Cerca de 50 PMs acompanharam o protesto à distância, do outro lado da avenida.

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PARA LEMBRAR

 

Flagrante gerou protesto

 

Embora o convênio que abriu os portões da USP para o patrulhamento permanente da PM tenha sido assinado em setembro, quatro meses depois da morte do estudante Felipe Ramos de Paiva no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, as manifestações contra a presença ostensiva da PM na Cidade Universitária começaram com um flagrante de maconha feito por policiais em 27 de outubro, quando três estudantes de Geografia foram pegos com a droga no carro.

 

Segundo relato dos PMs, eles estavam com um cigarro de maconha no estacionamento da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Um grupo de colegas viu a abordagem e cercou os policiais, iniciando tumulto e consequente ocupação do prédio da FFLCH em protesto contra a “repressão policial” na USP.

 

O movimento cresceu quando a reitoria foi ocupada, em 1.º de novembro. O grupo só saiu do prédio com reintegração de posse determinada pela Justiça e cumprida pela PM em 8 de novembro. Na ação, 72 alunos foram detidos e acusados de dano ao patrimônio público – eles tiveram de pagar R$ 545 de fiança.

 

Desde então, diversos protestos contra o convênio com a PM e a reitoria da universidade têm sido organizados pelos estudantes. Parte dos alunos, no entanto, é a favor da presença dos policiais no câmpus por uma questão de segurança.

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