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Programa de jovens para jovens está quase abandonado

Além de isolados, alguns programas vão perdendo recursos e deixando comunidades sem projetos importantes para os jovens

Por Agencia Estado
Atualização:

Alguns dos programas federais voltados para jovens não estão apenas isolados, mas quase abandonados. O Programa da Universidade Solidária, um dos 26 listados pelos consultores da Unesco Ernesto Rodriguez e Miriam Abramovay, está com recursos retidos desde o ano passado, deixando cerca de 40 comunidades carentes sem a possibilidade de se beneficiar dos projetos já aprovados. "São projetos importantes, principalmente sob a ótica do jovem: numa ponta estão universitários e na outra jovens pobres de comunidades remotas", lamenta Elisabeth Vargas, que articulou universidades e lideranças locais para estas ações até 2002. Por ser um programa muito identificado com o governo Fernando Henrique Cardoso ? já que foi concebido e implementado por Ruth Cardoso ?, o Universidade Solidária corre o risco de ser substituído. Mas não é isso o que incomoda Elisabeth, hoje superintendente-executiva da UniSol, ONG criada para dar continuidade ao trabalho iniciado na gestão FHC. "Fizemos várias tentativas para ajudar o atual governo, oferecemos toda a metodologia de articulação de universidades, mas houve uma recusa sistemática em conversar", relata. "Pedimos que mantivessem os recursos dos projetos existentes, liberando-os diretamente às universidades, sem qualquer intermediação nossa, mas nem isso foi feito integralmente." Segundo Elisabeth, a Secretaria de Ensino Superior (SeSu), do MEC, liberou em março dinheiro para projetos orçados em até R$ 20 mil, mas somente para cerca de 40 universidades federais. Eram recursos que deveriam ter sido desembolsados em 2002 ou, no máximo, até janeiro passado. "Mas isso foi depois de muitas tentativas de contato", lembra ela. "Ainda assim, continuam sem dinheiro os projetos de universidades estaduais e comunitárias, projetos voltados para comunidades que estão precisando e esperando." Restam em operação só metade dos cerca de 100 projetos da Universidade Solidária nas regiões Norte e Nordeste, as mais carentes em recursos. Experiência em mil municípios A UniSol se dispõe a compartilhar com o governo Lula uma experiência de oito anos envolvendo, de um lado, comunidades carentes em cerca de mil municípios em todo o País e, de outro, 200 universidades e centros universitários que mobilizam seus jovens para ações sociais. No novo governo, não se fala em aproveitar o que já foi começado, mas em criar novos programas. Um deles seria uma ressurreição do antigo Projeto Rondon, e outro seria a Caravana Universitária, proposta pela União Nacional dos Estudantes (UNE). "Continuamos ajudando governos estaduais com nossa experiência", lembra Elisabeth, que acaba de criar a UniSol Gaúcha com o governo do Rio Grande do Sul. O programa é justamente uma articulação de secretarias da área social para atuar em 50 municípios com alto índice de desemprego, mortalidade infantil e outros problemas. "Pena não termos essa possibilidade de diálogo com o governo federal."

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