'Profissional de Direito Digital precisa aliar conhecimentos jurídicos'

Pioneira, Patrícia Peck comenta os desafios do setor e traça perfil de quem trabalha na área

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Por Luciana Alvarez
Atualização:
O advogado tem de ser curioso, gostar de tecnologia, estudar sempre para acompanhar as mudanças Foto: Divulgação

Pioneira na área, Patrícia Peck começou a atuar com Direito Digital há quase 20 anos, quando tudo era novidade. Desde então já deu palestras, escreveu livros e abriu um dos primeiros escritórios do Brasil focado no tema - e testemunhou o setor então desconhecido se firmar e ganhar destaque no mundo jurídico.

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Como você começou a atuar com o Direito Digital?

Desde o estágio eu tinha a fama no escritório de ser "a estagiária que entende de tecnologia" porque tinha um site, sabia programar. Desde a formatura, em 1998, atuo com Direito Digital. Na época da formatura, escrevi uma crônica para concorrer a um prêmio falando que no futuro a faculdade fecharia as portas, porque todas as aulas seriam pela internet. Em 1999, enfrentamos o bug do milênio - então, por causa da crônica e do rótulo de "advogada que entende de tecnologia", comecei a ser procurada para falar sobre quebras de contratos e outras questões legais relativas ao bug.

O bug passou, mas você continua na área...

Durante as palestras que dava nas empresas, muita gente me pedia indicações de leitura. Meu último slide eram de dicas de leitura, todas em inglês. Quanto me pediam uma referência sobre Direito em português, ela não existia. Ninguém falava no Brasil sobre Direito Digital, embora a gente já tivesse discussões sobre a sociedade desmaterializada, a economia digital. Por isso escrevi meu primeiro livro, Direito Digital, que saiu em 2001 e está na sexta edição, símbolo de como a área continua evoluindo.

Como foi abrir um escritório de Direito especializado no tema?

Em 2004, quando decidi abrir meu escritório, meus colegas me perguntavam se eu ia mesmo trabalhar "só" com isso. Na época éramos dois: um estagiário e eu; hoje somos 23 profissionais, sendo 15 advogados. Meu primeiros clientes foram gerentes de TI - eu trabalhava com questões de política de privacidade e segurança. Depois vieram os profissionais de Marketing, interessados fazer em campanhas digitais e buscando o amparo legal. Na sequência entrou o varejo: a princípio eram start-ups, pequenos empreendedores que montavam lojas virtuais. Só depois entraram as grandes redes.

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Que características precisa ter um advogado que deseja atuar com direito digital?

O Direito Digital é transversal: o profissional precisa de conhecimentos jurídicos e técnicos. E ele pode ser um diferencial para profissionais de todas as outras áreas, você pode acompanhar como se colhe um prova eletrônica, por exemplo, pode trabalhar com Direito Trabalhista, Civil, Penal. O advogado também tem que ser curioso, gostar de tecnologia, estudar sempre para acompanhar as mudanças tecnológicas. A melhor recompensa para esse esforço é que o direito digital dá a possibilidade de você inovar, fazer algo que ninguém nunca fez.

Hoje está mais fácil encontrar profissionais preparados para esse setor?

Bastante. Em apenas 12 anos o mercado já amadureceu muito. Antes eu tinha que treinar a equipe, porque a faculdade não dava base nenhuma. Agora as boas faculdades tratam do assunto na graduação, existem algumas pós-graduações com esse foco.

SERVIÇO

Insper Seminário Direito Digital e a (Des)Proteção de Dados Data:21/10/16 Duração: 8 horas Valor: R$ 1 mil Site: insper.edu.br

Fundação Getúlio Vargas (FGV) Curso de curta-duração Direito Digital Aplicado Data: a definir Duração: 32 horas Valor: R$ 3.045 à vista Site: direitosp.fgv.br

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Escola Paulista de Direito (PUC) MBA em Direito Eletrônico Data: 3/9/16 Duração: 360 horas - 3 semestres Valor: R$ 21 mil Site: epd.edu.br

Damásio Educacional Pós-graduação Direito Digital e Compliance Data: a definir Duração: 380 horas Valor: 18 parcelas de R$ 385 Site: damasio.com.br