Atualizado às 17h43
RIBEIRÃO PRETO - O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi alvo de protestos de professores durante evento de entrega de equipamentos para o Corpo de Bombeiros em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Após o pronunciamento do secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e antes da fala de Alckmin, dois professores subiram ao palco com cartazes em que se lia: "Governador, cumpra a liminar do STF (Supremo Tribunal Federal), pague os professores"; e "Governador, salário é sagrado, devolva aos professores".
Um dos manifestantes era o professor Fábio Sardinha, de 31 anos, que leciona as disciplinas de história e sociologia em duas escolas da rede pública de Ribeirão. Sardinha é conselheiro estadual do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e cobrou a reposição do pagamento dos professores que tiveram o ponto cortado durante a greve nesse ano. "Foi um desconto ilegal e não se deu nenhuma resposta para a gente até o momento. Ele ficou lá com cara de paisagem e não nos respondeu. Foi um protesto ordeiro e democrático”, disse.
Sardinha disse ter sido filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por 10 anos, tendo concorrido ao cargo de vereador da cidade nas últimas eleições e hoje é suplente da vaga do partido na Câmara. Ele se desfiliou recentemente e cogita ingressar no Partido dos Trabalhadores (PT). "Ser filiado não deslegitima nosso protesto. Passamos por uma penúria e não recebemos resposta", acrescentou Sardinha.
Os professores foram retirados do palco, mas permaneceram reclamando o cumprimento da Database durante o pronunciamento de Alckmin. Após o evento, os professores pediram que o governador os cumprimentasse, o que não ocorreu. Isolados pelos seguranças de Alckmin, os professores gritavam: "Vai pagar quando, governador?".
O evento contou com a presença de vários prefeitos da região de Ribeirão Preto, mas não com a prefeita da cidade, Darcy Vera (PSD).
Decisão. A liminar que garantiu o pagamento imediato aos docentes dos dias descontados foi aceita no dia 2 pelo ministro Ricardo Lewandowski, que argumentou que a constituição trabalhista assegura o pagamento dos salários pela administração pública, especialmente em situações em que o serviço poderá ser prestado futuramente - no caso dos professores, por meio da reposição das aulas, como ocorreu em situações anteriores.
Na decisão, disse ainda que a retenção dos salários pode comprometer “a subsistência física dos professores e de seus familiares”.
A greve dos professores deste ano foi a mais longa da história da categoria, com duração de 89 dias. A paralisação terminou no dia 12 de junho, após os professores terem quase um mês e meio descontado dos salários. A categoria entrou em greve em 16 de março e reivindicava reajuste de 75%, para equiparar o salário ao dos demais profissionais com ensino superior no Estado, de acordo com os cálculos do sindicato. /COLABOROU MARCO ANTÔNIO CARVALHO