Professores param em universidades privadas do RJ

Faculdade queixa-se de lei que permite que alunos inadimplentes continuem estudando

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os professores de duas universidades privadas do Rio pararam de trabalhar porque estão com salários atrasados. No Instituto Metodista Bennett, que não paga os docentes há dois meses, três mil alunos estão sem aulas há duas semanas. Os universitários estão revoltados, já que pagam caro para estudar. Além do Bennett, a Gama Filho - que tem 17 mil estudantes e 1.347 professores e cobra mensalidade, em média, de R$ 576 - , também está devendo. As atividades foram paralisadas nesta terça-feira e também não haverá aulas na quarta-feira. A reitoria informou que vem sofrendo com "desequilíbrios financeiros" há alguns anos, por motivos diversos, entre eles a redução no número de jovens que ingressam na universidade. Na centenária Cândido Mendes, "o pagamento sempre sai depois da data", reclamou um professor do curso de Direito. A possibilidade de uma paralisação está em estudo. O vice-reitor, Antônio Mendes de Almeida, disse que a "lei do calote" (que permite que o aluno estude sem pagar) dá muito prejuízo, porque estimula a inadimplência. "Só em maio, 38% dos alunos não pagaram." Marina Barbosa, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, afirmou que as universidades têm arrecadação alta e não podem deixar de pagar seus funcionários. "Os donos deveriam abrir mão dos lucros. Os professores é que não podem abrir mão de sustentar seus filhos." O reitor do Bennett, Anísio Pereira, explicou que o instituto tem déficit de R$ 200 mil mensais. Ele está negociando empréstimo, com os bancos Real e Bradesco, de R$ 20 milhões. Os 150 professores não receberam os salários de abril e maio e ainda esperam o 13º de 2004. "Estamos passando pelo mesmo que a PUC-SP passou. As instituições confessionais têm de se reestruturar". Os alunos do Bennett (são 3.000) são solidários aos grevistas, mas não querem ser prejudicados. "Pago R$ 500 e tenho que me submeter a isso. Se fosse faculdade pública, entenderia, mas numa particular é um absurdo", criticou Gustavo Florêncio, que começou neste semestre a estudar Direito.

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