PUBLICIDADE

Professores, pais e alunos não querem notas na internet

Maioria não vê utilidade na medida, e lembra que resultados só interessam aos estudantes e a suas famílias

Por Agencia Estado
Atualização:

A intenção do ministro da Educação, Cristovam Buarque, de pôr na internet, com livre acesso para qualquer pessoa, as notas de todos os estudantes das 180 mil escolas públicas de ensino básico do País não agradou aos maiores interessados no assunto: pais, professores e alunos. Além de não ver utilidade na divulgação da avaliação do aluno, a maioria acha que a questão só interessa aos diretamente envolvidos com ela, como os estudantes e suas famílias e as escolas. A idéia foi lançada por Cristovam na segunda-feira, durante lançamento do projeto Dataescolabrasil, que pôs no ar o site (www.dataescolabrasil.inep.gov.br), com informações gerais sobre as escolas. Hoje, qualquer interessado pode obter no site dados cadastrais, de estatísticas, equipamentos, dependências, infra-estrutura e indicadores educacionais de qualquer unidade. No futuro, segundo o ministro, seria posta em prática a idéia de tornar públicas as notas dos alunos. Para a professora Iara Lúcia Calles, da Escola Estadual Professor Dândolo Frediani, na Vila Catarina, zona sul de São Paulo, a nota, além de ser de interesse particular do aluno, pode dar uma idéia errada de seu rendimento. "Os estudantes são avaliados diariamente e não apenas pela nota", argumenta Iara. "Ela é parte da avaliação. Observando-se apenas uma nota pode-se tirar um conclusão errada sobre o desempenho dos estudantes." A diretora executiva da Associação de Pais e Mestres da Escola Estadual Caetano de Campos, na Consolação, região central Cleide Soares, também não acha uma boa idéia a divulgação das notas. "Isso pode criar conflito entre os alunos", diz. "Aqueles com notas maiores fariam gozações com os que não foram tão bem." O estudante Wellington Silva Souza, de 19 anos, do 2.º ano do ensino médio do mesmo colégio, também é contra a divulgação das notas. "Pode constranger os mais tímidos", diz. Quanto às informações sobre as escolas, a maioria é a favor de sua divulgação. "Isso permite à gente comparar a nossa escola com outras, para saber qual é a melhor", diz Priscila Costa Ciodaro, de 13 anos, que cursa a 7.ª série no ensino fundamental no mesmo colégio. "Eu também poderia ver como está a escola em que estudei em Brasília."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.