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Professores da USP vão pedir a Alckmin para tirar PM do câmpus

Em assembleia, a associação dos docentes resolveu não aderir à greve estudantil

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Por Felipe Frazão
Atualização:

Professores da USP também querem a saída da Polícia Militar do câmpus da zona oeste. Além de participar de protestos, eles vão fazer gestão junto ao governo para revogar o convênio assinado em setembro que reforçou o policiamento na Cidade Universitária. Em assembleia que durou 3 horas e 30 minutos nesta quarta-feira, 9, cerca de 80 docentes declararam apoio à greve dos estudantes, mas resolveram não aderir ao movimento.

 

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“É possível construir uma proposta para a segurança no câmpus que não envolva a presença cotidiana da polícia”, disse a presidente da Adusp, professora Heloisa Borsari.

 

Os docentes vão solicitar audiências com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com a Secretaria de Segurança Pública. A Adusp vai pedir que a Corregedoria da PM apure denúncias de abusos e maus tratos feitas por alunos que estavam dentro da reitoria durante a desocupação do prédio pela Tropa de Choque, na madrugada de ontem.

 

Na assembleia, os estudantes Gabriel, de História, e Daniel Bezerra, de Comunicação Social, reforçaram o relato de que uma aluna de Letras, chamada Rose, foi afastada do grupo por policiais homens durante a entrada da Tropa de Choque. Segundo os estudantes, a menina teria sido levada a uma sala separada. Estava escuro. Lá dentro, os policiais teriam cercado e colocado panos na boca de Rose, que gritava. E, depois, deitado a garota no chão e sentado sobre ela.

 

“Eles chegaram quebrando tudo para criminalizar a gente e deram algumas porradas. Estávamos dormindo. A única coisa que a gente fez foi sair correndo por uma rota de fuga”, disse Gabriel, que preferiu não dar mais detalhes sobre sua identificação e se disse preso político da ocupação. “Fui obrigado a apagar dois vídeos que registraram os gritos dela”, disse Daniel, que faz documentários na USP e filmava a ação da polícia.

 

A Adusp também tentará obter o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo.

 

Passeata

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As entidades representativas dos alunos, funcionários e professores da USP vão realizar um ato a partir das 14h desta quinta-feira no centro da cidade. A manifestação deve passar pelas Praças da Sé e do Patriarca e se concentrar no Largo de São Francisco, onde fica a Faculdade de Direito. Lá, as cerca de 3 mil pessoas esperadas no evento vão protestar contra o reitor, João Grandino Rodas, declarado persona non grata na faculdade.

 

DCE, Sintusp e Adusp também vão pedir a saída da PM no câmpus. Nesta quarta, prepararam adesivos com a estampa "Segurança, sim. PM, não".

 

Quatro ônibus devem sair do câmpus do Butantã. Segundo Daniel Ribeiro, do DCE, os manifestantes devem tentar arregimentar mais alunos pela manhã. Atos como piquetes e "cadeiraços" serão decididos por cada faculdade, disse.

 

Alunos de unidades como a Escola Politécnica, a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e o Instituto de Matemática e Estatística não devemaderir à mobilização.

 

“Por que os alunos da FFLCH querem tirar a PM? Agora a segurança é bem maior. Tem viaturas rondando aqui, isso é segurança. De que adianta a guarda sem porte (de arma)?”, questiona P. R. P., de 27 anos, aluno da Matemática e morador do Conjunto Residencial da USP (Crusp). Ele preferiu não se identificar portemer represálias.

 

* Matéria publicada às 23h35

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